segunda-feira, 30 de maio de 2016

A CHARGE E O MONUMENTO. HOMENAGEM E CONSTRUÇÃO


Texto e fotos: Gilson Moreira Neves









Respondendo a questionamentos por alguns amigos sobre essa obra. No ensejo, passamos a descrever:
Na década de 70, mal tínhamos saído da Escola de Arquitetura da UFMG, honrosamente, havíamos recebido por parte de uma comissão especial, um convite para elaborarmos monumento em homenagem ao ilustre deputado federal por Minas, Dr. ODILON DUARTE BRAGA (1894/1958), candidato à Vice-Presidência da República, a ser edificado na cidade mineira de Rio Pomba, na Zona da Mata.

DESCRIÇÃO DA OBRA.
Trata-se, hoje, uma obra ainda existente no local e que há pouco tempo sofreu uma intervenção urbana para melhorias em suas imediações.

PESQUISAS:
Depois de pesquisas sobre a trajetória de vida do ilustre Dr. Odilon Braga, apuramos que foram quatro segmentos de destaque: quer no meio político, quer no espírito humanístico, no desenvolvimento social da cidade e na defesa da ecologia rururbana, destacando-se nas duas primeiras.

O PROJETO E A CONCEPÇÃO DA OBRA E SIMBOLOGIA:
Depois de estudos associados às benfeitorias do homenageado à plástica estética criada, o resultado geradol foi uma composição de quatro placas em mármore, de alturas diferentes, a mais alta, com 2,60m, todas lembrando a forma da letra “c”, implantadas de costas entre si e com as dobras desse “c”, simbolizando a amplitude radial ou multidirecional das realizações feitas pelo homenageado.
A composição da obra compõe-se também, na parte frontal, de uma plataforma ou mesa similar às placas verticalizadas, porém na horizontal, onde se acha uma placa de dados alusivos e o busto em bronze.

A VEGETAÇÃO.
São três espécies.
A vegetação instalada no entorno da obra foi escolhida de acordo com a proposta plástica do monumento e a imagem que a planta emite.
O cacto escolhido foi o candelabro, que é rígido, prumado e compacto, lembrando a um candelabro invertido –Euphorbia candelabrum var. nana-; com altura de 1,5m, distribuídos no contexto local e que serviam de contraponto com a frieza do mármore; Essa escolha se dá pelo fato da analogia, da altivez, do espírito empreendedor e sagaz do ilustre homenageado;
A outra planta, muito resistente, yucca sp, conhecida como vela-da-pureza, dava seu contraponto estrelar com a verticalidade da concorrente;
A última planta especificada, mais baixa e mais vistosa e em tufos, de cor totalmente prateada, simbolizava as ondas do mar, referindo-se aos feitos benéficos à sociedade, que Dr. Odilon Braga emanava e que, magistralmente se espraiaram e multiplicaram ao longo de sua vida. São elas, as vistosas cinerárias em tufos - Cinerária maritma.

A ILUMINAÇÃO.
A presença desse monumento à noite também foi pensada na idéia de manter o monumento mais evidente, através da luz em "contre-plongée",- de baixo para cima- foram utilizados somente por projetores embutidos no solo, próximos a cada placa. E outros inclinados, valorizando o bronze e mesa frontal.

A CHARGE.
O famoso chargista da revista O Cruzeiro, Carlos Estevão, na década de 70, se encontrava em BH para tratamento de saúde. Por coincidência, quando mostrávamos a maquete dessa obra a professores da Escola de Arquitetura para uma rápida discussão, sem saber de sua presença, porque estávamos em espaço abrangente, ele também ouvira a discussão e, com certeza, aquele momento lhe viria a servir de motivo e ideia para a criação hilária que resultou nessa pitoresca e memorável charge .
E o resultado deu nisso. A personalização de um espaço urbano. A construção de um monumento seguida de uma charge superdivertida, que tenta enaltecer a um nobre homenageado e, como conseqüência, gratidão a um profissional de gabarito da então extinta e saudosa revista "O Cruzeiro".

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