quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Jovens aliciados e manipulados

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Jonas Tadeu, advogado de defesa dos dois jovens envolvidos na morte do cinegrafista Santiago Andrade, em fevereiro de 2014,  falou à imprensa, na época, que eles eram  "jovens que são aliciados, jovens que são manipulados", mas não disse por quem. A mãe de um deles se disse desesperada quando viu o filho na TV...
Algumas pessoas chegam a se revoltar, tomando a fala do advogado como o máximo da hipocrisia. Talvez tenham razão, mas li no Facebook um comentário de um post que mostrava a foto e uma reportagem sobre o jovem Fábio Raposo: “Cara de moço bom! Coitados dos pais dele!"
Para grande número de pessoas, as que conseguem ver os fatos sem envolvê-los politicamente, tais afirmações fazem o maior sentido. Elas os vêem com olhos de quem compreende realmente o que tem acontecido, e prevêem os efeitos desses fatos na vida da nossa juventude, no futuro do país. Seria saudável lembrar que esse tipo de gente, brasileira, trabalhadora, honesta, que cultiva tal tipo de pensamento, compõe a grande maioria do nosso povo, e é a parcela da sociedade que tem sofrido mais. De posse de voz, ela certamente perguntaria:
- O que tem acontecido com nossos jovens? O que os move a agir feito bárbaros, delinquentes, destruindo o patrimônio público, embora prefiram depredar o privado, ligado a grandes instituições denominadas por eles “capitalistas”?
- Quem os ensina a ser radicalmente contra quem produz, a ponto de torná-los improdutivos reivindicantes de bens que lhes devem ser “fornecidos” pelo governo, à custa dos impostos pagos pelos odiados patrões?
- Que futuro terá uma nação cujos jovens são alimentados com constantes críticas e rancores contra os valores que formaram seus pais e avós?
- Quem mata o respeito e a honra que os jovens e crianças deveriam ter por seus pais, e pelas autoridades? Quem os ensina a “questionar” (manipuladamente, conduzindo-os à descontrução) os valores que sempre pautaram sua família? Com quem, e onde, aprendem tais ideias?
- A quem devem reclamar os pais, quando têm filhos roubados pela ideologia rancorosa, contrária a seus princípios, pela droga, pelo descaminho até chegarem à delinquência?
- Que lei se fará valer para defender a maioria dos trabalhadores que valorizam a honra e o direito de educarem os próprios filhos segundo seus valores?
- Quem ressarcirá a maioria do povo, formada de família natural (célula da sociedade), do bullyng moral que sofre na mídia, nas escolas e até em certas igrejas, dos danos que significam para quem cultiva valores intangíveis?
- Quem pode alcançar a dor muda, causada pela confusão formada entre o amor à imagem que o filho faz deles e o dever de orientar e corrigir para defendê-lo das consequências de ações malfadadas? Dor superada apenas pela de ter seus valores e honra serem vistos como risíveis pelos próprios filhos.
- Como se sentem os pais que muito se esforçam para dar aos filhos uma escola que nunca tiveram, e que são mostrados como ridículos aos olhos dos filhos, por certos professores referindo aos seus valores mais sublimes? Como ficam os professores que não se ajustam a essa ideologia que demoniza a produção e todos os valores contrários ao marxismo ateu?
Nas escolas, os pais são condenados pelo mau comportamento dos filhos, no entanto, como podem ser responsabilizados se têm a autoridade paterna constantemente “questionada” por “intelectuais influentes” e pelas próprias autoridades?
Independente de quem assuma as próximas governanças, estaduais e federal, que tipo de povo será o brasileiro?
Em que tipo de inferno estão transformando esta nação cada vez mais sem Deus?
A quem essa maioria deve responsabilizar?
 Giselle Neves Moreira de Aguiar
Texto escrito em fevereiro de 2014

domingo, 22 de novembro de 2015

Demônios na Utopia

      



  "Demônios são criaturas angélicas, seres altamente evoluídos em relação aos humanos. Não são dotados de corpo biológico, são apenas espíritos que não sofrem dores físicas, não são possíveis de serem mortos e não sofrem nenhum limite imposto pelo corpo físico. Não gastam nenhuma energia para se locomoverem e nem têm sua inteligência ofuscada pelas impressões dos órgãos biológicos e dos sentidos humanos.

São criaturas de Deus, mas usaram de seu livre arbítrio para prestarem culto a si mesmos, escolheram fazer a própria vontade, prestar atenção aos seus atributos e às suas prerrogativas; preferiram se sentirem importantes. Então, afastaram-se de Deus porque, na proximidade dele nenhuma criatura pode se considerar grande ou importante, muito menos superior a qualquer outro ser que tenha o adjetivo de criatura.

Assim que resolveram se afastar de Deus começou um tempo novo. Uma forma de raciocínio diferente que não levava em conta mais os fatos e a Verdade. Levava em conta somente as possibilidades. O que poderia ser se não fosse daquela maneira. Criaram então um mundo paralelo, fictício, no qual toda a Verdade era apenas um estorvo a ser contornado por meio de exercícios de raciocínio que tornavam a consciência elástica, ou seja, a consciência não reagia mais naturalmente diante de uma mentira conforme antes.

É imprescindível que este mundo paralelo subsista longe de tudo o que se relaciona com Deus. Porque Ele é a Verdade e diante da Verdade nenhuma mentira pode subsistir.

Tudo o que é bom, agradável, satisfatório, razoável e salutar às criaturas vêm da fonte que é o próprio criador. Assim sendo, esse mundo paralelo criado pelos demônios é desprovido da própria fonte da vida. Resta-lhes então subsistir por meio de autofagia ou do canibalismo emocional, ou seja, extraem seus meios de manutenção de vida destruindo a si mesmos ou uns aos outros.  Os seres humanos guiados pelos demônios vivem da satisfação dos sentidos ou dos prazeres do emocional, que são obtidos por meio da consumição do próprio organismo por meio de drogas e/ou mau uso dos mesmos, ou dos organismos de outros seres que são usados, sugados e consumidos para dar satisfação a outra pessoa.

Os demônios são desprovidos de corpos biológicos, não precisam da energia física para existir. Mas como seus seres constituem apenas uma inteligência em estado de ócio, são altamente ansiosos, são altamente insatisfeitos. São grandíssimos devoradores de prazeres para camuflar um pouco a falta que sentem de Deus. Eles vivem dos prazeres que extraem assistindo a consumição dos seres humanos que se encontram desprotegidos da presença divina. Vivem do caos que conseguem obter semeando a mentira, insuflando vaidades, construindo armadilhas para pegar os incautos humanos, tão frágeis, tão maleáveis, tão suscetíveis aos prazeres do corpo e à carícia do ego. Sua pobre inteligência é passível de ser manipulada muito facilmente, principalmente se lhes for insinuado que agem a partir dela própria. A partir daí a egolatria faz a festa. A festa dos demônios à custa das vidas humanas. Porque da consumição dos humanos vivem os demônios.

Num mundo caótico, um demônio vive muito bem! Não fica evidenciada a sua dor, a sua carência, pior, a certeza de que por toda a eternidade sua vida será um inferno de carência: de afeto de amor! Num mundo caótico a sua condição de miserável estará camuflada, ninguém saberia o que é o amor verdadeiro. É muito fácil para um demônio torcer as palavras para que pensem que prazer é amor. Assim as pessoas buscando apenas o prazer pensariam estar buscando o amor, encontrando assim infinitas maneiras de se autodestruírem e se destruírem uns aos outros, dando assim origem e manutenção ao inferno, o mundo dos demônios.

Por isso, ao “tirar Deus da vida dos seres humanos”, os materialistas estão sendo manipulados pelos demônios, que fazem qualquer coisa pra tirar a Verdade e o Amor da vida deles. A Verdade e o Amor constituem o próprio Deus. Não se pode dizer que Verdade e amor são atributos de Deus. Deus é a própria Verdade. Deus é próprio Amor. Não existe, nem nunca poderá existir verdade sem Deus e nem Amor sem Deus.

Na presença de Deus todas as nuances da Verdade são explícitas. Ninguém pode ser enganado, a menos que negue voluntariamente Deus, como quem apaga a luz. Deus é a perfeição em si, portanto respeita profundamente suas criaturas a quem conferiu livre arbítrio, jamais impõe a sua presença.

Na presença de Deus ninguém aceitaria a proposta de um mundo sem Deus idealizada pelos dos materialistas. Então, o estratagema usado por eles seria o quê, por meio da autoridade dos que falam em nome de Deus, ir paulatinamente diminuindo o seu valor aos olhos das pessoas, o trocando por causas nobres, como a igualdade social, redução da pobreza, defesa do meio ambiente;  movidas por pessoas cada vez mais divinizadas.  Até que, seus egos bem insuflados pelas lutas propostas pelas novas ideias, pudessem se equiparar a um Deus que vai, pouco a pouco se tornando cada vez mais absurdo e ridículo num mundo cada vez mais caotizado no qual Deus passou a ser mais um item que pode ou não ser levado em consideração.

Sabe-se que os regimes que tentam impor o marxismo não vigoram por muito tempo. Somente o tempo em pode ser imposto pela força, pela violência. Quando a força é suprimida, o que vigora no que resta do ambiente em que Deus foi banido é o hedonismo, que graça nos regimes capitalistas: o mundo movido a prazer.

Os políticos querem ascender os pobres ao mundo do prazer. Compra-lhes a afeição e a sensatez com medidas populistas imediatistas. Uma vez assimilada pela nova doutrina, a pessoa “deleta” de seu universo pouco a pouco o sentido de palavras como honra e dignidade . Não existe mais para ela a vida interior, a vida espiritual. Só importa para ela ser aceita no mundo que a assimilou, no qual tudo o que dá prazer é lícito. Mesmo que seja só para determinado indivíduo. O “outro” só existe enquanto provedor do prazer individual. Mundo movido a interesses particulares. Só o que importa é o bem estar físico e emocional.  O mundo da autodestruição. Que subsiste do consumo da criação de Deus. O que será feito do planeta onde habita seres viciados em prazer obtido pelo consumo?

A consequência da “pregação da partilha dos bens” entre as pessoas produz o efeito totalmente contrário. Ninguém se sente em condições de doar, todos são carentes, todos querem receber, cada vez mais. Todos se tornam especialistas em defender os seus direitos. Todos estão prontos para acusar “o outro” por todos os males.

Para onde caminha o mundo que baniu o seu criador e provedor? Para o próprio inferno.


Por isso, é tão importante para os demônios afastar Deus das pessoas.  Segundo os seus interesses não deve, para os seres humanos, haver vida espiritual. Se houver, suas inteligências, também famintas, acharão um jeito de redescobrir Deus. E, se os humanos usando de suas poucas prerrogativas encontrarem Deus será o fim da festa dos demônios. Toda a ordem se restabelecerá.  Por isso tem sido estabelecido que os demônios sejam fantasias criadas pelos ignorantes fundamentalistas que “precisam” de um Deus. O segredo da existência dos demônios é razão do seu sucesso.
                                                                
Parte do livro Utopia sob Incursão, de Giselle Aguiar

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Liberdade é a liberdade de dizer que 2+2=4 - George Orwell -


Textos dos livro "1984", de George Orwell
tradução de Wilson Velloso - 
 Companhia Editora Nacional 
- São Paulo - 1977- 




A liberdade é a liberdade de dizer que dois e dois são quatro. Admitindo-se isto, tudo o mais decorre." - capítulo 7-

Espera-se que o membro do Partido não tenha emoções pessoais nem lapsos de entusiasmos. Supõe-se que viva num frenesi contínuo de ódio aos inimigos estrangeiros e aos traidores internos, de gozo ante as vitórias e de auto-degradação perante o poderio e a sabedoria do Partido.

Os descontentamentos produzidos por essa via nua e insatisfatória são deliberadamente purgados e dissipados por estratagemas tais como os Dois minutos de Ódio, e as especulações que poderiam vir a induzir uma atitude de ceticismo ou rebeldia são antecipadamente suprimidas pela disciplina aprendida na infância.

O primeiro e mais simples estágio dessa dessa disciplina, e pelo qual passam até as crianças de tenra idade, chama-se em Novilíngua "crimedeter". Crimedeter é a faculdade de paralisar, como por um instinto, no limiar, qualquer pensamento perigoso.

Inclui o poder de não perceber analogias, de de não conseguir observar erros de lógica, de não compreender os argumentos mais simples e hostis ao Ingsoc, e de aborrecer ou enjoar por qualquer trem de pensamentos que possa tomar rumo herético. Crimedeter, em suma, significa estupidez protetora." - capítulo 17 -

"Tampouco tinha Júlia o menor interesse pelas ramificações da doutrina do Partido. Sempre que ele (Winston) começava a falar dos princípios  do Ingsoc, duplipensar, a mutalidade do passado e a negação a realidade objetiva, e a usar palavras de Novilíngua, ela ficava aborrecida, confusa, e dizia não ter jamais prestado atenção a essa coisa. Sabia que tudo era lixo, portanto para que se preocupar com ele?

Sabia quando aplaudir e quando vaiar, e era toda ciência de que precisava. Quando ele persistia em falar em tais assuntos, Júlia tinha o hábito desconcertante de adormecer. Era uma dessa pessoas que podem adormecer a qualquer momento, em qualquer posição. Falando com ela, Winston percebeu como era fácil aparentar ortodoxia, sem ter a menor noção do que fosse ortodoxia. 


De certo modo, o ponto de vista do Partido se impunha com mais êxito às pessoas incapazes de compreendê-lo. Aceitavam as mais flagrantes violações da realidade porque jamais percebiam inteiramente  a enormidade do que se lhes exigia, e não estavam suficientemente interessadas para observar o que acontecia.


Graças à falta de compreensão permaneciam sãs de juízo. Apenas engoliam tudo, e o que engoliam não lhes fazia mal porque não deixavam resíduo, do mesmo modo que um grão de milho passa, sem ser digerido, pelo corpo de uma ave. "- capítulo 13 -

Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente controla o passado - George Orwell -

Texto do livro: 1984, de George Orwells - Tradução de Wilson Velloso - Companhia Editora Nacional - São Paulo, SP - 1971 -


""Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente controla o passado, rezava o lema do Partido". 


"Assim que fossem reunidas e classificadas todas as correções consideradas necessárias a um dado número do "Times", aquela edição era reimpressa, destruído o numero original, e o exemplar correto colocado no arquivo em seu lugar. Esse processo de alteração contínua aplicava-se não apenas a jornais, como também a livros, publicações periódicas, panfletos, cartazes, folhetos, filmes, bandas de som, caricaturas, fotografias – a toda espécie de literatura ou documentação que pudesse ter o menor significado político ou ideológico.

Dia a dia e quase a minuto a minuto o passado era atualizado. Desta forma era possível demonstrar, com prova documental, a correção de todas s profecias do Partido; jamais continuava no arquivo uma notícia, arquivo ou opinião que entrasse em conflito com as necessidades do momento." - Capítulo 4 -

"– Não vês que o objetivo da Novilíngua (Nova fala) é estreitar a gama de pensamento? No fim, tornaremos a crimideia (pensamento-crime) literalmente impossível porque não haverá palavras para expressá-la. Todos os conceitos necessários serão expressos exatamente por uma palavra, de sentido rigidamente definido, e cada  significado subsidiário eliminado, esquecido." - Capítulo 5 -

– Por volta de 2050, ou talvez mais cedo, todo o verdadeiro conhecimento  da Anticlíngua  terá desaparecido. a literatura do passado terá sido destruída, inteirinha. Chaucer, Shakespeare, Milton, Byron – só existirão nas versões da Novilíngua, não apenas transformados em algo diferente, como transformados em obras contraditórias do que eram. Até a literatura do Partido mudará. Mudarão as palavras de ordem. Como será possível dizer "liberdade é escravidão", se for abolido o conceito de liberdade?  Todo o mecanismo do pensamento será diferente. Com efeito, não haverá pensamento, como hoje o entendemos. Ortodoxia quer dizer não pensar... Não precisa pensar. Ortodoxia é inconsciência. - capítulo 5 -



1984- O poder

Texto do livro: 1984, de George Orwell- Tradução de Wilson  Velloso - Companhia Editora Nacional - São Paulo - 1971.



Como é que um homem afirma poder sobre o outro,Winston?
Winston refletiu.
– Fazendo-o sofrer.
– Exatamente. Fazendo-o sofrer. A obediência não basta. A menos que sofra, como podes ter certeza de que ele obedece tua vontade  não a dele? O poder reside em infligir dor e humilhação. O poder está em se despedaçar os cérebros humanos e tornar a juntá-los da forma que se entender. Começas a distinguir que tipo de mundo estamos criando? É exatamente o contrário das estúpidas utopias hedonísticas que os antigos reformadores imaginavam. Um mundo de medo, traição e tormento, um mundo de pisar e ser pisado, um mundo que se tornará cada vez mais impiedoso, à medida que se refina.

O progresso em nosso mundo será o progresso no sentido de maior dor. As velha civilizações proclamavam-se fundadas no amor ou na justiça. A nossa funda-se no ódio. Em nosso mundo não haverá outras emoções além do medo, fúria, triunfo e auto-degradação. Destruiremos tudo mais – tudo. Já estamos liquidando o hábito de pensamento que sobreviveram de antes da Revolução.

Cortamos os laços entre filho e pais, entre homem e homem, entre mulher e homem. Ninguém mais ousa confiar na esposa, no filho ou no amigo. Mas no futuro não haverá esposas e nem amigos. As crianças serão tomadas das mães ao nascer, como se tiram ovos da galinha.O instinto sexual será extirpado. A procriação será uma formalidade anual como a renovação de um talão de racionamento. Aboliremos o orgasmo. Nossos neurologistas estão trabalhando nisso. 

Não haverá lealdade, exceto lealdade ao Partido. Não haverá amor, exceto amor ao Grande Irmão. Não haverá riso, exceto riso de vitória sobre o inimigo derrotado. Não haverá nem arte, nem literatura,  nem ciência. Não haverá distinção entre beleza e feiura. Não haverá curiosidade,  nem fruição ao processo da vida. Todos os prazeres concorrentes serão destruídos. Mas sempre... não te esqueças Winston... sempre haverá a embriaguez do poder, constantemente crescendo e constantemente se tornando mais sutil. Sempre a todo momento, haverá o gozo da vitória, a sensação de pisar um inimigo inerme. Se queres uma imagem do futuro, pensa numa bota pisando um rosto humano – para sempre.   (capítulo 20)