segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Eleições e pesquisas





Os que acompanham as notícias de política sabem que não existem pesquisas confiáveis. Basta lembrar quantas pessoas estavam na Avenida Paulista na manifestação de 15 março de 2015. Enquanto se observava a multidão pela TV, e a Policia Militar dizia ter ali cerca de um milhão de pessoas, o famoso Instituto Datafolha afirmava que haviam apenas 210 mil. Tal fato, entre  muitos, nos leva a duvidar de resultados de pesquisas… 

Na última eleição para prefeito de Sorocaba soube-se que o resultado de uma pesquisa eleitoral só pôde ser publicada no último instante devido a barreiras que só puderam ser transpostas  apelando a altas instâncias do Poder Judiciário. Um tanto estranho, uma vez que os eleitores têm o direito a toda informação dada por pessoas físicas ou jurídicas que possam se estabelecer.

As pesquisas publicadas neste ano também dão margem para leituras preocupantes, entre as quais a de que um grupo de poderosos possa determinar que um candidato  deva ser eleito prefeito. Para alcançar seu objetivo manipula pesquisas, de maneira que produzam resultados  que lhe sejam favoráveis. 

Bem próximo à data do pleito uma pesquisa publicada mostra o escolhido com votos quase o suficiente para para ganhar no primeiro turno, ao mesmo tempo em que no segundo lugar aparece um candidato que incorpora as ideias totalmente antagônicas ao candidato "escolhido".Tal artimanha induziria o eleitor a votar no candidato pretendido para se ver livre daquele cujo partido defende ideias que a maioria das pessoas considera nefastas.

Por ser possível tal consideração, é grandemente necessário que várias pesquisas sejam publicadas, por diversas instituições isentas, para que não paire sobre a cidade a dúvida de que sua população possa estar sendo vítima de um terrível ardil, que seria próprio de quem acredita que o povo seja apenas uma reles massa de manobras.

Caso fosse(seja) verdade, e isso viesse(venha) a  acontecer, o povo estaria elegendo seus verdadeiros inimigos, como devem ser considerados todos os enganadores. E tal fato aconteceria com grande ajuda da "imprensa" que insiste em boicotar outro forte candidato, notoriamente bom de voto, que pode surpreender a todos nas urnas….


Giselle Neves Moreira de Aguiar

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

A globalização e o filme Cidade do Silêncio

Trabalho apresentado na Universidade, para a disciplina
"Teorias da Comunicação" em março de 2010 


O que mais importa nos filmes baseados em fatos reais 
é sua irrealidade.” – Inácio Araujo, crítico de cinema da Folha 
de São Paulo.

A professora disse que fizéssemos uma análise do filme exibido 
na  última aula, com pareceres próprios e focando o aspecto 
“globalização”.Coincidentemente, no dia seguinte à seção do filme, vejo 
na “Folha de São Paulo” alguém, de verdadeira valia como 
profissional da área, endossar o meu humilde parecer.  
Desagrada-me figurar como petulante ao expor meu 
pensamento, mas o adjetivo de petulante me é menos 
dolorido do que o de omissa ou dissimulada, portanto devo 
expor honestamente o meu parecer a respeito do filme:
Cidade do silêncio, dirigido por Gregory Nava, em 2007.

A frase de Inácio Araujo: “o que importa nos filmes baseados 
em  fatos reais é sua irrealidade” traduziu exatamente o que
 apreendi assistindo à exibição do filme.Trata-se na verdade 
de um filme que deseja  mostrar que é a globalização, cujo 
termo pode ser abordado por diferentes aspectos semânticos.
            
            Pode ser uma expressão muito bem escolhida ao se referir ao 
            fato dos habitantes do planeta Terra tomarem consciência de que 
            moramos todos num minúsculo planeta situado “no quadrante α 
           (alfa)” do  Universo, cuja unidade acaba de ser contestada por 
            astrofísicos modernos, e sermos, portanto, todos vizinhos.

Esta visão induz o ser humano a se preocupar com a evolução, e a 
observar que neste minúsculo planeta, no qual se pode ir de 
qualquer ponto a outro em horas, existem pessoas nos mais 
variados estágios de evolução, todas ávidas de dar vazão à 
necessidade natural de evoluir. Cada uma e cada povo no seu
 ritmo. Essa ideia considera  que  povos de diferentes culturas são 
mais ou menos evoluídos em quesitos diferentes, o que impede
 de algum querer se prevalecer sobre outro. Ao longo da 
história temos relatos de guerras homéricas, entre elas a 
segunda guerra mundial na qual a teoria da supremacia do 
povo ariano pretendida por Hitler foi totalmente demolida. 

O atual estágio da ciência impede qualquer base de comparação 
entre etnias. Em todas elas existem seres humanos das mais 
variadas características. Nossos ancestrais, de todas as etnias, eram movidos 
pelo desejo de comerciar, descobrir novas terras, novos produtos; 
vender os produtos que produziam para quem não os tinham e 
comprar “tesouros” produzidos por povos diferentes. Por tal 
objetivo se arriscavam no mar em viagens heroicas, porque sua 
grandeza era somente em coragem ignorância, uma vez 
que a segurança e os conhecimentos de que dispunham eram 
praticamente nulos. Assim acontecia a evolução do humanoide 
repleto do instinto animalesco que impele ao domínio do espaço
 e de toda situação.

O comércio é o pai da civilização. Diante de um povo desconhecido, 
possuidor de coisas cobiçadas, o mercador se retrai numa 
posição de respeito e consideração pelo outro, motivada pela 
ganância. Imagino que tenha sido assim o início da diplomacia 
internacional. Por isso o tempo de hoje seria o paraíso dos mercadores que 
deram origem ao mundo que agora temos, no qual se pode 
comerciar (descobrir coisas novas, crescer em conhecimentos, 
expandir a vida) sem precisar sair de casa. Graças à 
tecnologia e a indústria que evoluem  a cada hora, porque 
existe um numero cada vez maior de desejosos dos 
aparelhos que conectam as pessoas entre si e faz o mundo 
parecer pequeno.

A indústria, o comércio, o livre mercado internacional e 
os meios de comunicação jamais poderão ser maléficos à 
raça humana. Muitíssimo pelo contrário, eles são os 
veículos de intercambio que quanto mais usados forem, 
mais semelhantes tornam seus usuários.
Considerar as mazelas do mundo um efeito da existência 
do livre comércio, da evolução tecnológica, e dos meios 
de comunicação seria uma atitude similar a de culpar 
à medicina pelos erros dos médicos.

Outra maneira de considerar o termo globalização é a 
adota pelos que se consideram sociólogos, mas estudam 
a sociedade somente pelo prisma do marxismo emoldurado 
pelas ideias da Escola de Frankfurt.Esses sim, demonstram 
pretender globalizar a maneira de ver e pensar o mundo segundo 
a sua ótica, que, considerando o que me tem sido apresentado até 
agora, consiste única e exclusivamente em denegrir 
a imagem dos que produzem riquezas; tanto a dos 
patrões, que qualificam como cruéis exploradores 
do trabalho alheio, como a dos empregados que consideram 
coitados, idiotas, imbecis que se submetem a trabalhar para 
outra pessoa.

Segundo as ideias que propagam apenas eles, os sociólogos, 
antropólogos e similares detêm o saber do que seja bom 
para os seres humanos. São grandes produtores de cizânia, 
entre povos, patrões, empregados. Agem de tal maneira 
que, onde florescem, nenhuma alegria se manifesta.
 Para eles o trabalho humano - considerado por muitos 
como o grande instrumento para a evolução da espécie 
em todos os aspectos - é visto apenas como um castigo 
imposto.  Executam um tipo diferente de trabalho, 
uma engenharia mental desenvolvida por Antônio Gramsci 
para fazer dos meios culturais fábricas de militantes políticos, 
escravos mentais de sua ideologia.

 Devido ao baixo conceito que fazem das pessoas, usam de 
artifícios como este filme, Cidade do Silêncio, para induzi-las
 a culpar o livre comércio por todos os horrores do mundo, tais 
como o estupro e morte de mulheres no México.
Ainda que a arte possa usar de licença poética, podem ser 
respondidas como “forçação de barra” as seguintes perguntas 
feitas a partir da premissa apresentada no filme:

A polícia dizia que 375 mulheres foram estupradas e mortas, 
mas que na realidade foram cerca de 5000, e que os estupradores 
e assassinos eram um figurão e um motorista de ônibus.
         
            - Seriam esses dois criminosos superdotados,  capazes de matar 
             5000 mulheres de tal maneira?
           - O depósito de cadáveres percorrido pela heroína do filme não 
           causaria um cheiro insuportável que logo fosse descoberto?
           - Se as fábricas não existissem os criminosos não atuariam?
           - Seria o livre comércio e os acordos comerciais entre povos responsáveis 
              pelos estupros e assassinatos, como está na mensagem subliminar
             transmitida pelo filme?
         - As pessoas são todas boas, o que representa o mal é o “trabalho escravo” 
            a que são submetidas?
         - Não seria a mesma leitura que os indígenas faziam do demônio, a que 
            o diretor do filme faz dos ianques?
         - Ou, o demônio, ridicularizado no filme, teria transferido seus poderes 
             e sentimentos aos capitalistas exploradores?
         - Como devem ser catalogados filmes ou atitudes em que se 
            foca um acontecimento, visando na verdade chamar a atenção 
            para outro assunto e  induzir as pessoas  ao erro de  tirar
            conclusões baseadas em falácias?
            
           Continuando nesse raciocínio, como nos colocaríamos diante dos
            seguintes termos:
        - usar este tipo de subterfúgio: mensagem subliminar;
           oferecer aos jovens somente uma visão de mundo, como se 
           fosse a única, fazer das aulas uma catequese ideológica, não seria  
           considerado violência?
-Não seria transformar as Universidades em fábricas de produção 
em massa de escravos mentais a serviço da ideologia, produzindo
 profissionais subalternos às ideias da figura ícone de plantão?

   giselle neves moreira de aguiar

A liberdade de expressão no nosso dia a dia


                                                                  

           
            A liberdade de expressão tem sido para mim objeto de alto custo. Como estudante do 6º período de jornalismo mesmo estando às portas da terceira idade, observo algo que deve acontecer nas universidades do mundo globalizado: uma certa corrente de pensamento as invadiu e aplica os ensinamentos de Gramsci sobre hegemonia aos incautos alunos. Faz isso usando as formas de manipulação que ensinam a eles, atribuindo-as, com veemência e constância, aos demonizados “industriais da cultura” e ao que considera o próprio demônio, o capitalismo, a responsabilidade por todas as mazelas do mundo, eis seu dogma precioso e sagrado.
             
Os estudos das Teorias da Comunicação dizem que este movimento começou na Universidade de Birmingham, na Inglaterra, a partir de 1964; Angela Prysthon, no seu trabalho: Histórias da teoria: os estudos culturais e as teorias pós-coloniais na América Latina, diz que: "os Estudos Culturais se estabeleceram como um terreno por excelência, tanto para o estudo como para o próprio desenrolar das transformações", noutras palavras, os próprios professores seriam militantes a serviço da ideologia política.
           
  Esta constatação foi motivo de decepção, espanto e revolta para quem passou vida lendo, principalmente jornais, e pretendia, depois da aposentadoria, realizar um mergulho intelectual no mundo da comunicação, da cultura e da arte. Porém, nas primeiras aulas desta mesma disciplina, vi que nada veríamos sobre comunicação, cultura e arte, a não ser críticas, críticas e mais críticas às empresas de comunicação e aos países profícuos nas artes de entretenimento. Os filmes de Hollywood eram apresentados não como objetos de análise do talento dos artistas, da engenhosidade dos recursos e da visão dos empreendedores, mas sempre como instrumentos de manipuladores ferozes nas mãos dos quais os pobres futuros jornalistas haveriam de sofrer horrivelmente por tê-los como patrões. Nenhuma outra visão de mundo era apresentada.
           
  Vi-me impelida, em tão esdrúxula situação, a usar minha liberdade de expressão, como aluna e cidadã, para com muita contundência, defender minha inteligência e a de meus colegas de verdadeiras agressões, uma vez que, professores abusando do direito à liberdade de cátedra, estavam, no meu entendimento de pessoa vivida, doutrinando os alunos nas suas crenças ideológicas.
           
  A princípio os colegas se assustavam com aquela senhora, fora de seu habitat natural, que discutia com o professor que evocava a cada instante o seu título de doutor. Com o tempo se acostumaram e diante de uma afirmação mais incisiva dos mestres olham para mim espreitando novo bafafá. Hoje acontecem raras interpelações, os professores estão mais contidos.
          
  A vivencia de tal situação foi agravada por outra dificuldade de comunicação: ao comentar o que  acontecia dentro das salas de aula com as pessoas da minha idade, a maioria delas me olhava com descrença, considerava  impossível que tal fato viesse a  acontecer. A geração das pessoas acima de 55 anos não pode conceber que se doutrine estudantes, em qualquer área do pensamento, dentro da universidade, onde se espera que aconteça apenas a grandíssima pluralidade de ideias e a explosão benéfica que acontece,  pela ação do contato entre a criatividade e o conhecimento científico, de projetos que propiciem o progresso.
            
Acredito que a liberdade de expressão seja algo tão precioso, que valha grandes sacrifícios. No meu caso, a idade e o conhecimento que ela traz me obrigam a fazer o possível para que meus colegas, assim como todos os estudantes universitários, tenham acesso às mais variadas correntes de pensamento.
          
  Dentro dos meus limites, mas aderindo à audácia dos militantes ideológicos, procuro fazer uso da minha liberdade de expressão, assegurada pela nossa Constituição Federal em seu artigo 5º, IX,para pelo menos dificultar que a universidade seja para os jovens o que diz, sobre a mídia, José Arbex na apresentação do livro: "Padrões de manipulação na grande imprensa", de Perseu Abramo, cuja leitura é obrigatória no meu curso de jornalismo: "...Constrói consensos, educa percepções, produz "realidades" parciais apresentadas como a totalidade do mundo, mente distorce os fatos, falsifica, mistifica – atua, enfim, como um "partido" que, proclamando-se  porta-voz  dos "interesses gerais" da sociedade civil, defende os interesses específicos de seus proprietários privados.'' No caso da universidade seriam  os interesses dos que dela se apropriaram violentando inteligências vulneráveis.
 
Giselle Neves Moreira de Aguiar

Texto escrito em fevereiro de 2013