O que mais importa nos filmes baseados em fatos reais
é sua irrealidade.” – Inácio Araujo, crítico de cinema da Folha
A professora disse que fizéssemos uma análise do filme exibido
na última aula, com pareceres próprios e focando o aspecto
“globalização”.Coincidentemente, no dia seguinte à seção do filme, vejo
na “Folha de São Paulo” alguém, de verdadeira valia como
profissional da área, endossar o meu humilde parecer.
Desagrada-me figurar como petulante ao expor meu
pensamento, mas o adjetivo de petulante me é menos
dolorido do que o de omissa ou dissimulada, portanto devo
expor honestamente o meu parecer a respeito do filme:
Cidade do silêncio, dirigido por Gregory Nava, em 2007.
A frase de Inácio Araujo: “o que importa nos filmes baseados
em fatos reais é sua irrealidade” traduziu exatamente o que
apreendi assistindo à exibição do filme.Trata-se na verdade
de um filme que deseja mostrar o que é a globalização, cujo
termo pode ser abordado por diferentes aspectos semânticos.
Pode ser uma expressão muito bem escolhida ao se referir ao
fato dos habitantes do planeta Terra tomarem consciência de que
moramos todos num minúsculo planeta situado “no quadrante α
(alfa)” do Universo, cuja unidade acaba de ser contestada por
astrofísicos modernos, e sermos, portanto, todos vizinhos.
Esta visão induz o ser humano a se preocupar com a evolução, e a
observar que neste minúsculo planeta, no qual se pode ir de
qualquer ponto a outro em horas, existem pessoas nos mais
variados estágios de evolução, todas ávidas de dar vazão à
necessidade natural de evoluir. Cada uma e cada povo no seu
ritmo. Essa ideia considera que povos de diferentes culturas são
mais ou menos evoluídos em quesitos diferentes, o que impede
de algum querer se prevalecer sobre outro. Ao longo da
história temos relatos de guerras homéricas, entre elas a
segunda guerra mundial na qual a teoria da supremacia do
povo ariano pretendida por Hitler foi totalmente demolida.
O atual estágio da ciência impede qualquer base de comparação
entre etnias. Em todas elas existem seres humanos das mais
variadas características. Nossos ancestrais, de todas as etnias, eram movidos
pelo desejo de comerciar, descobrir novas terras, novos produtos;
vender os produtos que produziam para quem não os tinham e
comprar “tesouros” produzidos por povos diferentes. Por tal
objetivo se arriscavam no mar em viagens heroicas, porque sua
grandeza era somente em coragem ignorância, uma vez
que a segurança e os conhecimentos de que dispunham eram
praticamente nulos. Assim acontecia a evolução do humanoide
repleto do instinto animalesco que impele ao domínio do espaço
O comércio é o pai da civilização. Diante de um povo desconhecido,
possuidor de coisas cobiçadas, o mercador se retrai numa
posição de respeito e consideração pelo outro, motivada pela
ganância. Imagino que tenha sido assim o início da diplomacia
internacional. Por isso o tempo de hoje seria o paraíso dos mercadores que
deram origem ao mundo que agora temos, no qual se pode
comerciar (descobrir coisas novas, crescer em conhecimentos,
expandir a vida) sem precisar sair de casa. Graças à
tecnologia e a indústria que evoluem a cada hora, porque
existe um numero cada vez maior de desejosos dos
aparelhos que conectam as pessoas entre si e faz o mundo
A indústria, o comércio, o livre mercado internacional e
os meios de comunicação jamais poderão ser maléficos à
raça humana. Muitíssimo pelo contrário, eles são os
veículos de intercambio que quanto mais usados forem,
mais semelhantes tornam seus usuários.
Considerar as mazelas do mundo um efeito da existência
do livre comércio, da evolução tecnológica, e dos meios
de comunicação seria uma atitude similar a de culpar
à medicina pelos erros dos médicos.
Outra maneira de considerar o termo globalização é a
adota pelos que se consideram sociólogos, mas estudam
a sociedade somente pelo prisma do marxismo emoldurado
pelas ideias da Escola de Frankfurt.Esses sim, demonstram
pretender globalizar a maneira de ver e pensar o mundo segundo
a sua ótica, que, considerando o que me tem sido apresentado até
agora, consiste única e exclusivamente em denegrir
a imagem dos que produzem riquezas; tanto a dos
patrões, que qualificam como cruéis exploradores
do trabalho alheio, como a dos empregados que consideram
coitados, idiotas, imbecis que se submetem a trabalhar para
Segundo as ideias que propagam apenas eles, os sociólogos,
antropólogos e similares detêm o saber do que seja bom
para os seres humanos. São grandes produtores de cizânia,
entre povos, patrões, empregados. Agem de tal maneira
que, onde florescem, nenhuma alegria se manifesta.
Para eles o trabalho humano - considerado por muitos
como o grande instrumento para a evolução da espécie
em todos os aspectos - é visto apenas como um castigo
imposto. Executam um tipo diferente de trabalho,
uma engenharia mental desenvolvida por Antônio Gramsci
para fazer dos meios culturais fábricas de militantes políticos,
escravos mentais de sua ideologia.
Devido ao baixo conceito que fazem das pessoas, usam de
artifícios como este filme, Cidade do Silêncio, para induzi-las
a culpar o livre comércio por todos os horrores do mundo, tais
como o estupro e morte de mulheres no México.
Ainda que a arte possa usar de licença poética, podem ser
respondidas como “forçação de barra” as seguintes perguntas
feitas a partir da premissa apresentada no filme:
A polícia dizia que 375 mulheres foram estupradas e mortas,
mas que na realidade foram cerca de 5000, e que os estupradores
e assassinos eram um figurão e um motorista de ônibus.
- Seriam esses dois criminosos superdotados, capazes de matar
5000 mulheres de tal maneira?
- O depósito de cadáveres percorrido pela heroína do filme não
causaria um cheiro insuportável que logo fosse descoberto?
- Se as fábricas não existissem os criminosos não atuariam?
- Seria o livre comércio e os acordos comerciais entre povos responsáveis
pelos estupros e assassinatos, como está na mensagem subliminar
- As pessoas são todas boas, o que representa o mal é o “trabalho escravo”
- Não seria a mesma leitura que os indígenas faziam do demônio, a que
o diretor do filme faz dos ianques?
- Ou, o demônio, ridicularizado no filme, teria transferido seus poderes
e sentimentos aos capitalistas exploradores?
- Como devem ser catalogados filmes ou atitudes em que se
foca um acontecimento, visando na verdade chamar a atenção
para outro assunto e induzir as pessoas ao erro de tirar
conclusões baseadas em falácias?
Continuando nesse raciocínio, como nos colocaríamos diante dos
- usar este tipo de subterfúgio: mensagem subliminar;
oferecer aos jovens somente uma visão de mundo, como se
fosse a única, fazer das aulas uma catequese ideológica, não seria
considerado violência?
-Não seria transformar as Universidades em fábricas de produção
em massa de escravos mentais a serviço da ideologia, produzindo
profissionais subalternos às ideias da figura ícone de plantão?
giselle neves moreira de aguiar