sábado, 30 de abril de 2016

O Rei Lear de Juca de Oliveira




Contracenando com a sonoplastia, feita apenas com instrumentos de percussão, com as luzes e efeitos num cenário único, Juca de Oliveira brilhou no Teatro Municipal Teotônio Vilela, em Sorocaba, na noite de ontem, 29/04/2016.

Rei Lear, a obra de Shakespeare, traduzida e adaptada por Geraldo Carneiro, de uma forma clara, precisa e grandemente acessível ganha vida através da interpretação de Juca de Oliveira, que sozinho, durante uma hora, captura a total atenção da platéia, encantada com sua presença suave, contando  a história do velho rei e suas filhas. A suavidade não é perdida nem quando o texto se torna amargo, exalando revolta e murmurações.  A figura do velho se transforma nas das filhas, nas dos subordinados e na do bobo da Corte. As transformações são feitas com maestria, o que  talvez seja o que mais encante, por  se sucederem sem nenhuma afetação, sem nenhuma ênfase nelas próprias. Acontecem natural e suavemente, como se acionassem algo automático em cada pessoa que acompanha o desenrolar da tragédia. Grandíssimo Juca!

No final, com sensação de quem sai muito melhor do que entrou, sentido-se mais  humanamente rica, cada pessoa da platéia tem muita vontade de aplaudir. Ficaria muito tempo mais, aplaudindo, se a humildade do ator não manifestasse tanto, e a cortina não o escondesse. Com  a direção de Elias Andreato, Juca de Oliveira apresenta um espetáculo digno de Shakespeare, feito por quem o conhece e  sabe tanto de arte cênica e seu real sentido, que cada apresentação parece ser uma espécie de culto. Parabéns, aos artistas, ao público, ricamente  agraciado, e à arte cênica nacional.

Giselle Neves Moreira de Aguiar

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