Contracenando com a sonoplastia, feita apenas com instrumentos de percussão, com as luzes e efeitos num cenário único, Juca de Oliveira brilhou no Teatro Municipal Teotônio Vilela, em Sorocaba, na noite de ontem, 29/04/2016.
Rei Lear, a obra de Shakespeare, traduzida e adaptada por Geraldo Carneiro, de uma forma clara, precisa e grandemente acessível ganha vida através da interpretação de Juca de Oliveira, que sozinho, durante uma hora, captura a total atenção da platéia, encantada com sua presença suave, contando a história do velho rei e suas filhas. A suavidade não é perdida nem quando o texto se torna amargo, exalando revolta e murmurações. A figura do velho se transforma nas das filhas, nas dos subordinados e na do bobo da Corte. As transformações são feitas com maestria, o que talvez seja o que mais encante, por se sucederem sem nenhuma afetação, sem nenhuma ênfase nelas próprias. Acontecem natural e suavemente, como se acionassem algo automático em cada pessoa que acompanha o desenrolar da tragédia. Grandíssimo Juca!
Giselle Neves Moreira de Aguiar
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