sábado, 30 de maio de 2015

Utopia sob Incursão





Sumário

São Manoel poderia ser o nome de uma cidade que viveu fatos muito rlevantes. Antes do acontecido ela poderia se colocar, em termos de qualidade de vida, num lugar bem  próximo ao da Utopia, de Thomas Morus. 

Aqui é contada sua história, as desventuras, da pequena cidade que sofreu uma insidiosa incursão, executada pelo uso de armas intangíveis. O objetivo da operação era “desconstruir” os conceitos e valores que pautavam a vida desse povo, há centenas de anos, enquanto lhe incutia novos valores, antagônicos aos primeiros. O livro narra o modus operandi e os mecanismos usados pelos incursores, enquanto analisa os efeitos dessa “desconstrução” no ecossistema social e religioso, sob a ótica dos valores  agredidos.

Observa o sofrimento inexprimido e a dor silenciada que os habitantes suportavam sem os chegar a entender e, até mesmo, a admiti-los. Poucos cidadãos percebiam o que realmente acontecia; os que tentavam defender   os valores culturais  eram violentamente combatidos, tanto pelos agressores e até mesmo pelas próprias vítimas. Entre elas existiam as que passaram a idolatrar os  agentes da incursão.

A existência deste livro não seria possível, se não fosse a intensidade com que os valores originais da comunidade foram marcados, na vida da cidade, pela integridade da vivência deles por uma pessoa que se tornou especial, por os ter vivido em todas as instâncias e circunstâncias.

Guida é o nome fictício dessa pessoa real, cujo exemplo de vida é arrimo para os que pretendem defender e preservar os próprios valores culturais, os mesmos que tanto contribuíram para a verdadeira evolução da civilização ocidental.  A comunicação da verdade é aqui considerada arma mais poderosa do que todos os subprodutos da mentira, usados pelos agentes da incursão, tais como: o uso da dissimulação, a distorção de verdades e a covarde indução do pensamento  em pessoas de boa fé.

 Leia um trecho do livro


sexta-feira, 15 de maio de 2015

Rio Pomba. Memórias de uma cidade.


Enquanto as capitais se expandem a toque de caixa, enfrentando trânsito caótico, poluições de toda ordem, violência e degradação do meio ambiente, enquanto isso, em uma pacata cidade do interior da Zona da Mata de Minas Gerais segue o seu tempo, de forma amena, carregada de bucolismo e serenidade. 

Assiste também, a contragosto, a derrubada gradativa de seus casarões ao redor da notória praça principal que, por vez, sofreu remodelação polêmica e que é a menina dos olhos de seus habitantes.

A arte de ser feliz - Cecília Meireles -

Foto de Giselle Aguiar

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.

Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Às vezes, um galo canta.

Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles

terça-feira, 5 de maio de 2015

MARANTA / ARARUTA ( Ctenanthe – Maranta arundinaceae L.) - PLANTAS ORNAMENTAIS DE FORRAÇÃO.

Por Gilson M. Neves,  fotos e texto




Paisagismo.
PLANTAS ORNAMENTAIS DE FORRAÇÃO.
MARANTA / ARARUTA ( Ctenanthe – Maranta arundinaceae L.)

Planta herbácea muito resistente, de meia-sombra, de rápido crescimento atingindo até meio metro de altura e de folhagem muito ornamental. Suas folhas assemelham-se a colher de pau, dispostas como seteiras multidirecionais.
A graça está apenas na folhagem que possui dosagens pinceladas de branco. Cada folha tem seu desenho diferente. Uma com nervuras quase totalmente brancas, outras justapostas...O que difere no conjunto são as manchas de branco que nunca é repetitivo.


Cara-de-cavalo ou singônio - PLANTAS ORNAMENTAIS DE FORRAÇÃO.

Por Gilson M. Neves, fotos e texto




Paisagismo.
PLANTAS ORNAMENTAIS DE FORRAÇÃO.
Cara-de-cavalo ou singônio
Syngonium podophyllum Schot.

Uma planta muito ornamental pela beleza de suas folhas é o conhecido cara-de-cavalo ou singônio.
É exótica. Portanto, não é brasileira e sim originária da América Central e México; nos projetos paisagísticos do saudoso Roberto Burle Marx sempre figuravam nas forrações sob as sombras das frondosas árvores. Com pouca luz, suas folhas são verdes escuras e na presença da mesma, se apresentam um verde claro e nervuras em branco creme.
Desenvolve-se também subindo nos troncos das árvores e palmeiras, chegando atingir nos extremos das copas. Nesse estágio suas folhas são bem maiores.
Próprias também para forrar bases de vasos e cobrir canteiros, contornos e meandros; de fácil multiplicação por estacas porém é bom salientar que se trata de uma planta venenosa.


domingo, 3 de maio de 2015

CONTO MÍNIMO


O sol já bem a prumo  estava de rachar. O  celular registrava naquele instante, poucos minutos para  onze e meia.  Não estava repleta como nos fins de semana, mas era possível avistar várias sombrinhas multicoloridas perfeitamente distribuídas pela orla, abrigando, muitas delas, famílias com suas crianças, dando vida àquela calmaria.  Todas acompanhadas de agradável  brisa misturada a melodiosos sons do quebrar das ondas.

Ontem, foi um dia  praieiro mais quente e de ventos fortes. O fluxo de pessoas pela área era maior naquele lugar simples. Observava-se  um leque de tipos de pessoas de variadas proporções corporais e cada qual com o seu jeito natural de ser. Casais, adolescentes com suas pranchas, crianças abrindo buracos na areia, casais de idosos mais cheinhos andando rápido, de mãos dadas,  pessoas enfrentando ondas borbulhantes . E muito vai e vem.

Em dado momento, um grupo de quatro pessoas bem à vontade foi presenteado por uma leva inesperada de uma onda rasante que avançou ,invadindo a praia, molhando tudo e todos que, deitados, não puderam evitar tal fato. A menina, em seguida, exibia um boné e dinheiro molhados e as roupas de saída de praia ensopadas de areia  tipo farofa. Saíram rápido.

Perto dali, uma  avó ainda jovem  com seu netinho chamava atenção. Não pelo espírito maternal, mas pelo seu revoltante descaso por submeter à criança, sem a devida proteção, pelo menos por um mero boné, a ficar por três horas diretas ao sol. Seus pertences limitavam-se apenas a uma sacola e uma toalha estendida. O agito da criança ao longo das horas converteu-se em fadiga. A tutora, antenada ao celular, não atendia as súplicas da criança. Revoltada, esta, na busca de atenção e proteção, lançara uma merecedora leva de areia na avó. Depois de muito tempo assando, saíram dali.

Hoje, a bandeira tremulava o anúncio “Dangerous Currents”. À primeira vista, o mar estava calmo e não apresentava qualquer “dangerosidade” mas,  de qualquer forma, o alerta estava à mostra.

Convite à meditação

 Foto de Gilson M. Neves



Convite à meditação...
Foto: Lagoa- Cavaleiros- Macaé- RJ / GNeves



sexta-feira, 1 de maio de 2015

Links para o dia das mães


- Vó, por que você não troca de marido? Este seu, "não tá com nada”.  Disse uma menina de cinco ou seis anos, ao observar a avó dar comida na boca do marido, cuja doença o impossibilitava de comer sozinho. Fato verdadeiro.

Quem descreve a cena é a mãe da menina, uma pessoa muito influente. Diz  estar no quinto “marido”. Dirigindo-se  a um grupo de jovens,  conta que os pais moram em outro estado, portanto, a menina muito pouco os vê; numa das visitas ela teve tal reação ao observar a situação deles. Admirava a capacidade da filha de tirar conclusões.

Quando tinha a idade de tal menina, vivi uma situação de angústia semelhante: Num cacho de tâmaras verdes, havia um ninho de passarinhos, cuja espécie não posso precisar. A criançada observava o movimento do casal que se revezava para chocar os ovos. Um menino, mais afoito, subiu, pelos  tocos das palmas  cortadas, até o ninho. Não tirou nem quebrou nenhum ovo, mas pegou-os na mão e mostrou a cada um de nós, como eram bonitos os ovinhos de passarinho. Os pais voltaram, sentiram algo tão forte que nunca mais voltaram ao ninho violado…

Em muitas espécies, a violência invisível se torna insuportável e pode causar um tipo de endurecimento de coração semelhante à rigidez da morte. Ele não consegue mais manifestar mais toda a ternura que antes havia cultivado.

Focando no caso da menina e seus avós, cabe a pergunta: como serão as novas gerações ouvindo contar coisas absurdas como se fossem interessantes?

Poderão imaginar tal cena  com uma profunda dor no coração? Conseguirão deduzir que que tal sentimento numa criança inocente, é fruto dos valores lhe têm sido passados, principalmente pelos exemplos? Ou, como a menina, vão considerar super-natural o descarte de pessoas cujo convívio deixa de ser  agradável? 

 Serão capazes de calcular a dor sentida por aquele casal de avós?  Ou de alguém que, de longe, fica sentindo, com alegria, a simples existência de uma família, imaginando as maravilhas de uma neta numa idade tão bonita... sente o quê, um coração de avô e avó, ao ouvir uma frase que demonstra um sentimento tão contrário a todos os que cultivaram, aos seus valores mais  preciosos, demonstrados na própria atitude da mulher, cuidando, com amor, do amor da vida toda? Valores que esperavam ser ainda mais fortes em quem teve mais recursos para cultivá-los.

Esse sentimento, muito mais do que um conceito, de sacralidade do lar, a consciência de ninho dos seres humanos, tem sido negado às novas gerações da espécie. Cada vez mais, as pessoas parecem menos dotadas desse sentimento que hierarquiza a importância dos afetos. Hoje, em grande parte do mundo “civilizado”, há pouca distinção  entre o amor ao novo smartphone, ao cachorro, ao bebê, e a qualquer outro membro da família. Todos são vistos igualmente como fontes de sentimentos agradáveis imediatos e, igualmente, descartáveis. Perdão, os pets  são muito mais importantes.

Depois do descarte de Deus, a fonte de amor das antigas gerações, conseguirão  os seres humanos aprender com os animais o que não têm visto mais entre os seres da sua espécie? Serão capazes de colocar em prática as lições de fidelidade e amor incondicional dadas por eles,  ou somente usufruirão da incapacidade de seus pets de trair o seu amor? Involuirão até ser como os insetos, que simplesmente põem os ovos, como necessidade fisiológica, sem se importar com destino deles? 

Há ainda o cenário mostrado pelo filme Matrix, onde os humanos vivem num tipo de  líquido amniótico, como  fetos perenes; são os próprios geradores da energia que mantém os computadores que lhes passam, continuamente, agradáveis situações virtuais…

Um vídeo que roda recentemente na internet,  de uma mãe tirando, a tapas, o filho black-bloc de uma “manifestação”, traz um sopro de esperança. Haverá, ainda, energia amorosa no planeta, o suficiente para tirar a espécie humana da atual letargia?

Saberão ainda valorizar e preservar riquezas que não podem ser medidas por nenhum meio material ou convenção meramente humana?

“Façamos o homem à nossa imagem e segundo a nossa semelhança” - Gen 1, 26 -  
 Fora do paraíso, longe de Deus, conseguirão os humanos preservar a prerrogativa da sua semelhança como o autor do mundo? Conseguirão realizar os links necessários entre as gerações  para continuar a perceber, valorizar e cultivar  o intangível, o que faz dele o ser mais evoluido do planeta,  o que pode interferir nas vidas de todas as outras espécies?  “Pedi e recebereis” - Mt 7,7 -

Homo sapiens,  qual o seu destino? Continuará sendo sapiens?


Giselle Aguiar