sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Cerco à liberdade



Estamos vivendo um tempo muito perigoso, para quem preza a liberdade como um bem fundamental para o desenvolvimento  natural da pessoa humana.

Temos visto,  pelos mais variados pretextos, nossa liberdade ser aviltada sorrateiramente, diante de promessas de um “bem maior”, que cada vez parece estar mais distante.

Cada vez temos  mais libertinagem do comportamento substituindo a verdadeira liberdade interior. Cada vez mais prazeres e conforto no lugar de poder de decisão.

Duas notícias estão hoje,19/02/16, nos jornais, embora com pouquíssimo destaque.

1ª- O STF está prestes a permitir que a Receita Federal acesse os dados bancários dos cidadãos sem autorização judicia: leia aqui: 

2ª- O FBI quer obrigar a Apple  a criar um sistema capaz de driblar a segurança dos iPhones  de um casal de terroristas. Mas se o fizer, O FBI estará de posse do sistema que pode acessar o iPhone de qualquer um… Leia como explica  isso bem, Pedro Doria no “Estadão de hoje:

Considerando casos como esses, e outros muito mais graves, quando são impedidos de serem divulgados, escrevi uma longa  reflexão sobre o assunto, que tem como personagens principais Edward Snowden e Julian Assange, os tocadores de apito mais relevantes do nosso tempo que têm nos alertado sobre o grande perigo que corremos como humanidade, assim como ainda a entendemos, que pode ser lida aqui:


Giselle Neves Moreira de Aguiar

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Snowden, Assange e outros whistleblowers: não matem os mensageiros




Minha bagagem cultural, cultivada à luz da fé católica, permite a esperança mesmo quando o campo de visão se mostra como um profundo e escuro oceano, no qual um ser humano não consegue sobreviver.   A idade  ajuda a compreender que os rumos tomados pela humanidade na sua trajetória do tempo linear depende de como os acontecimentos são assimilados, e encarados, pelas pessoas que deles participam. E cada membro da humanidade participa de TODOS os fatos nos quais esteja envolvido um indivíduo da sua espécie. O trecho da poesia de John Donne, que dá título e epígrafe à obra de Ernest Hemingway “Por quem os sinos dobram”, fala alto no fundo do coração de um elemento humano: 

"Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme. Se um torrão de terra for levado pelo mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar dos teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano, e por isso não me perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.”
  
Os que creem em Deus, e consideram sua existência como autor de tudo o que podemos perceber, podem observar que quando as coisas ficam muito difíceis para  a humanidade, criada à imagem de semelhança do Criador, sempre aparece alguém que interfere,  despertando a atenção dos seus semelhantes para que se dêem conta do grande perigo que corre a espécie, o de perder seus atributos espirituais; os mesmos que a faz tão especial diante das outras, suas irmãs de criação. Moisés e Francisco de Assis são exemplos mais antigos. Em tempos mais próximos, Martin Luther King e próprio Hemingway podem ser citados como profetas da humanidade.  Gosto muito de uma  expressão em inglês, "whistleblowers", traduzido como 'sopradores de apitos'' ‘para designar pessoas que alertam a humanidade para determinado fato que significa grande perigo;  classifico Aldous Huxley e George Orwells no mesmo rol.  Os escritores viveram num tempo em que  soprar o apito não era considerado crime, e também o fizeram de forma mais recolhida, mas Luther King pagou com a vida por gritar em defesa da espécie  humana.

O tempo hoje vivido tem se mostrado de uma violência tão grande que considero maior do que os  violentos da guerra civil espanhola, denunciados por Hemingway, e os dos horrores do nazismo de Hitler. A evolução da tecnologia  permite atingir o ser humano em muito mais do que no corpo biológico. Hoje, ele é mais atingido nas suas faculdades intangíveis, causando danos que não são irreversíveis somente mediante uma interferência direta de Deus. A sensibilidade tem sido restringida cada vez mais a assuntos  de interesse pessoal. A pessoa do outro, como merecedora de respeito, tem cada vez menos relevância para as novas gerações de um planeta tornado pequeno pelas novas e grandes facilidades de locomoção e de comunicação. 

O sofrimento dos whistleblowers de hoje é diretamente proporcional ao progresso vivido pela humanidade, principalmente na área da comunicação. Progresso que é  submetido à uma compunção por um controle, cada vez maior, por parte dos detentores de poder. Eles parecem ter uma visão de mundo muito parecida com a concepção de Hobbes em “O Leviatã, e mostram querer exercer o mesmo poder do Leviatã,  porém, sem a figura de Deus acima de si porque a consideram incômoda. É o que nos leva a concluir a análise  das noticias sobre os dois tocadores de apito mais relevantes da nossa época, Julian Assange e Edward Snowden:


Em junho de 2013 o jornal inglês, “The Guardian” e o americano "Washington Post” publicam reportagens, baseadas em documentos, que dizem que a NSA, Agência de Segurança Nacional americana, monitora(va?) comunicações  via internet e telefone de pessoas e instituições do mundo inteiro. Em julho, “O Globo” do Brasil reporta que a Presidente Dilma Roussef e a Petrobrás estavam entre ‘os espionados’. A fonte era Edward Snowden, que  havia entregado ao jornalista  Glenn Grenwald e à cineasta Laura Poitras, com todo cuidado, por meio de mensagens criptografadas, as informações recolhidas em seu trabalho.

Snowden é acusado pelo governo americano de espionagem, roubo e conversão de propriedade do governo. Segundo o que foi publicado na mídia, ele era um hacker ético. Sua função era testar a segurança de redes e sistemas de computadores para observar a existência de possíveis fragilidades a serem reparadas.

 Foi ao ar em 02/06/2014 no programa Milênio, da Globonews, a entrevista de Edward Snowden à  jornalista da Rede Globo, Sonia Bridi, em Moscou, na Rússia, onde o jovem se encontra asilado.  

 A entrevista foi muito reveladora: “Eu sou cria da internet”, disse ele. Desde bem pequeno vivia deslumbrado com os aparelhos eletrônicos, queria  desmontá-los todos para verificar o mecanismo de funcionamento. Seus pais lhe diziam que poderia desmontar os que fossem somente do seu uso, como o game, por exemplo, mas não a torradeira, ou o microondas, de uso coletivo da família. Era um adolescente inteligente, ativo, curioso e impulsivo, como a maioria dos de hoje, porém  sob orientação de pais presentes e atuantes na sua formação, como acontecia na maioria das famílias no início e meados do século passado. Uma característica que não pode ser mais observada nos adolescentes de hoje, pelo menos nos que podemos observar no Brasil. Aqui, no geral, os pais não exercem mais influencia sobre os filhos.

Snowden mostra conservar o espirito de cidadania no qual o senso de justiça é grandemente  valorizado, fruto da cultura e educação que crianças e jovens recebiam no século passado. Quando aconteceu o atentado às torres gêmeas em Nova York, em 2001, tinha 18 anos e tanta dignidade civil que alistou-se  como soldado do Exército dos Estados Unidos porque “sentia que tinha a obrigação, como um ser humano, de ajudar a libertar as pessoas da opressão” porque "acreditava  no que o governo estava dizendo na época, que o Iraque estava desenvolvendo armas de destruição em massa. Eu achei que servir era generoso, uma atitude nobre”, disse à Sônia Bridi. Por ter quebrado as duas pernas num treinamento, não pode ir para o Iraque e passou a servir seu país com suas habilidades e tecnologia por meio de instituições de serviços secretos.

Nesses serviços, o jovem acumulava informações, mas não somente as relativas aos trabalhos ordenados. Observava muito o ambiente e as pessoas com as quais tratava. Eram, muitas vezes, as que exerciam papel relevante nas decisões  tomadas pelo Estado e que interferiam na vida não só dos americanos mas nas pessoas do mundo todo.

 Com a mesma visão dos jovens de antes, ele analisava interiormente todas essas informações comparando-as com os paradigmas da formação que recebera, como pessoa e cidadão. As maioria das pessoas de hoje não são mais assim; submetidas diariamente a uma torrente de informações, tendem a ser guiadas por impulsos da sensibilidade, usando cada vez menos a capacidade analítica. Decidem pela simpatia, depois se envolvem em argumentos que confirmem o acerto da escolha, sejam eles lógicos, inteligentes, ou não.

Snowden se mostra fora desse pensar coletivo. Apesar de estar, em termos de conhecimento de tecnologia,  além da imensa maioria das pessoas da sua espécie, esses conhecimentos não fazem dele uma pessoa que atua movida por impulsos, o que o diferencia da imagem que temos dos hackers: pessoas conscientes de suas habilidades em TI ( tecnologia da informação) mas imaturas em termos de convívio social. Seguindo seus impulsos, eles realizam trabalhos inéditos, descobrem mais conhecimentos sem, no entanto, ponderar quanto a seu significado para a vida dos seres humanos neste planeta;  se considerar a História, que maioria deles desconhece, por estar quase sempre encantada pelas novas descobertas da tecnologia feitas pelos próprios.

A singularidade de Snowden é  caracterizada pelo fato dele reunir em si as habilidades dos hackers, o espírito analítico e o alcance do significado dos dados que assimilava; mas acima de tudo, está em ser comandado por um espírito de respeito pela dignidade humana, talvez maior ainda em função dos mesmos atributos. Tal singularidade  o  torna uma a pessoa que encanta os que se orgulham de serem humanos.

Com todas essas virtudes, ou mesmo por causa delas, foi a Hong Kong para entregar os arquivos a serem divulgados pela mídia do mundo todo. Começa então sua desventura,  seu verdadeiro martírio, no qual se encontra ainda hoje. Logo após a publicação das informações por ele fornecidas, seu passaporte foi cancelado, foi pedida a sua extradição, mas ele conseguiu chegar até o aeroporto de Moscou onde fica ‘preso' por 40 dias vivendo um tipo vida muito pior do que a que Tom Hanks viveu no filme “O terminal”, de Spielberg. Sentia-se constantemente ameaçado das mais diversas maneiras, tal e qual  vemos acontecer  em  filmes. 

Era considerado um traidor da pátria, não tinha passaporte, as autoridades do seu país o queriam para julgar e condenar como o pior de todos os vilões. Dali, pediu asilo a 21 países, entre eles:  Alemanha, Áustria, Bolívia, Brasil, China, Cuba, Finlândia, França, Índia, Itália, Irlanda, Países Baixos, Nicarágua, Noruega, Polónia, Espanha, Suíça e Venezuela. Os países que responderam afirmativamente seu pedido de asilo foram a Venezuela, o Equador e a Bolívia, os “bolivarianos de Chaves”, cujos governos se manifestam ostensivamente contra os EUA. Por causa do cancelamento de seu passaporte, não pode viajar, ficando retido no aeroporto. O avião de Evo Morales, presidente da Bolívia teve seu avião impedido de sobrevoar países europeus, devido à possibilidade de Snowden estar a bordo. Enquanto isso, ele permanecia no terminal, como Tom Hanks, sob grandes ameaças. Em primeiro de agosto recebe, por um ano,  asilo da Rússia, onde ainda se encontra depois de o ter renovado.


Agora, analisemos essa história tentando esclarecer que tipo de mundo habitamos e quais são os seus paradigmas; se são claros e precisos a ponto de poder serem seguidos por quem queira se considerar sensato.

O jovem Edward nasceu e cresceu no que o mundo considera o "filé mignon” do planeta. Teve todo o conforto necessário para se desenvolver com saúde e educação da melhor qualificação. Passou a infância e adolescência acreditando no sonho americano de democracia, direitos humanos e civis, que sua pátria era  a terra da liberdade, onde todos têm os mesmos direitos e deveres, para com o país e os seres humanos.

Esse pensamento pode ser  notado na sua atitude  em se alistar no Exército, depois da queda das torres gêmeas, para defender seu país e os direitos humanos. Não podendo seguir para a guerra, deve ter se sentido honrado quando foi convidado a servir ao país como o especialista em informação digital da CIA. 

Nesse cargo o jovem, naturalmente inflamado de ardor cívico, observava que alguns de seus superiores não se comportavam como os heróis americanos dos filmes de Hollywood. As formas e o uso das informações obtidas não eram compatíveis com seu cargo de hacker ético.

Segundo seu próprio relato, o estopim para detonar a decisão de comunicar ao mundo tudo o que apreendia, aconteceu quando viu, no Congresso, James Clapper, o chefe da espionagem americana, mentir ao responder: Não', quando  foi perguntado: ‘Os Estados Unidos monitoram informações de milhões de americanos?’ Segundo ele, tanto Clapper quanto os deputados sabiam que estava mentindo e ninguém disse nada.

Seu fervoroso espírito jovem não podia fugir ao dever de defender o povo da mentira, divulgando a verdade. "O público precisa decidir se esses programas e políticas são certos ou errados”, disse ao "The Guardian”. Era um legítimo hacker agindo como um cidadão sensato do século passado. Ele mesmo disse  à Sônia Bridi numa matéria sobre a mesma entrevista levada ao ar, na revista "Fantástico", na rede Globo, em 01/06/2014: “Eu sentia que devia tornar isso público, com responsabilidade. E a maneira de impedir que a minha opinião prevalecesse, foi fazendo parceria com jornalistas competentes, e instituições sérias, que confio, que iriam checar as informações, equilibrar a cobertura. Como "The Guardian", "Washington Post", "New York Times", “ O Globo” e "Der Spiegel". Deixei a imprensa livre fazer o que faz melhor: ajudar os cidadãos a se tornarem eleitores informados, que pensam em que tipo de sociedade querem viver.” 

Para ele, esse debate não é sobre privacidade. É sobre liberdade. O equilíbrio entre os direitos individuais e o direito que o governo tem de coletar informações. "Se vigiarmos cada homem, mulher e criança, da hora em que nascem até a hora que morrerem, podemos dizer que eles são livres? Isso é muito perigoso. Porque mudamos nosso comportamento se sabemos que estamos sendo vigiados. É uma ameaça à democracia”; continuou falando na entrevista.

O que ganhou o jovem que seguia à risca os ideais  que seu país ensina às crianças e jovens ao longo vários séculos? Apenas perseguição e o título de traidor. As autoridades do seu país consideram inimigos os que o acolherem. Se deportado, poderá ser condenado até à pena de morte, uma vez que, depois da queda das torres gêmeas, os julgamentos dos chamados whistleblowers, os sopradores de apito, os denunciantes de fatos  contra o interesse público, que antes eram  reconhecidos como corajosos heróis, agora, segundo leis de excessão, de casos de guerra são vistos como traidores e desertores.  Por isso Snowden responde à pergunta de Bridi:  “Você enfrentaria um julgamento nos Estados Unidos?" com : "Eu adoraria. Mas não há um julgamento justo me esperando”.

O que aconteceu com os EUA, o país da Democracia e da Justiça?


Agora falemos  de Assange, outro whistlebower. 

O documentário  de Alex Gibney “Nós roubamos segredos - A história do WikiLeaks-“ ajuda muito a perceber o contexto do momento vivido pelo planeta, especialmente depois do fatídico 11 de setembro de 2001, com a destruição das torres gêmeas em Nova York. 

Gibney traça um perfil de Julian Assange, ciberativista australiano que se tornou uma das pessoas mais conhecidas do mundo ao divulgar segredos dos Estados Unidos e seus aliados através do site WikiLeaks, divulgados também em jornais importantes como o The Guardian e o New York Times. Assange, que teve tanta ou mais notoriedade que Snowden, apresenta um perfil bem diferente  do dele. 

No documentário, Gibney, mostra que  Assange seria um hacker desde a adolescência, e estaria envolvido em um tipo de verme cibernético, chamado Wank, que  prejudicou muito o projeto Galileo, da NASA, que enviou uma sonda a Jupiter, em 1989. Ele diz que é incentivado pelo "gosto de defender vítimas e esmagar canalhas”. 

Sua trajetória é formada pela caça a informações, segredo que devem ser partilhados com todo o mundo; segundo o próprio, sempre fora atraído pela exploração intelectual, por isso invadia  os sistemas das organizações. Queria ver a sociedade humana baseada na verdade, fazer os injustos pagarem e ajudar os justos. Segredos o obcecavam.

A notoriedade de Assange veio depois da publicação de um vídeo nomeado "Assassinato Colateral" que mostra um helicóptero americano  atirando em civis  no subúrbio de Bagdá  durante a guerra do Iraque em 2007.

O Vídeo fora enviado ao WikiLeaks por um soldado americano de cercada 20 anos, Bradley Manning, também whistleblower. O documentário mostra Bradley como um rapaz muito inteligente, que cresceu numa pequena cidade do interior, num ambiente predominantemente evangélico, aluno exemplar, estudante aplicado. No Exército sofria certo bullying por conta seu aspecto franzino, ser ‘nerd’ e homossexual. No Iraque trabalhava como analista e tinha acesso aos arquivos, chamados secretos, do Pentágono, inclusive às filmagens das operações de guerra.

 O filme de Gibney mostra mensagens de Manning que revelam o quanto era horrorizado pelos tratamentos desumanos que via acontecer. “Estive bem envolvido com algo que era contra”. Seus colegas de tropa, descrevendo seu comportamento e talvez sem mesmo perceber,  revelam o alto grau de sofrimento a que estava submetido um jovem tão inteligente, por presenciar atitudes desumanas inimagináveis sob ordens da alta hierarquia do país da liberdade e dos direitos humanos.

O documentário traz mensagens  de Manning, dizendo que “o povo do mundo deve saber desses fatos”. Tinha necessidade de dividir o sofrimento de conhecê-los,  com todos os seus semelhantes. Naturalmente os membros da espécie humana não aceitam o sofrimento imposto por indivíduos da mesma espécie. Sua natureza gritava. Seus companheiros disseram que muitas vezes ele gritava a plenos pulmões.

Pode-se perceber, que Bradley não podia suportar sozinho tanto sofrimento, uma vez que era dotado de sensibilidade e respeito pela dignidade humana, que via  ultrajados por quem deveria defendê-los. Se abriu vária vezes com um estranho (um quarto whistleblower),  Adrian Lamo, um hacker, que parece ser movido também pelos  ideais  americanos divulgados por Hollywood, fã da série “Jornada nas Estrelas”, de Gene Rodenberry. Quebrava a segurança das redes de várias empresas, pelo prazer  de encontrar as falhas e reportá-las aos administradores, porém foi preso quando fez o mesmo com o sistema do New York Times. Passou, depois a trabalhar como "especialista em segurança"  no  Projeto Vigilante, uma instituição de segurança privada que  presta serviços ao FBI e à NSA.

Bradley contou a Lamo que enviara o vídeo do helicóptero  assassino ao WikiLeaks. Lamo, movido pelos mesmos sentimentos de Bradley, porém dirigidos à alta hierarquia de seu país, que acreditava ser movida pelo mesmo espírito que movia o Capitão Kirk e o Comandante Spock, denunciou Manning.

O soldado foi preso, sob várias acusações entre elas a de “conluio com o inimigo”, embora tal inimigo não tenha sido identificado no processo. Ele teria  passado não só o video mas diversos documentos que mostravam ações pouco lisonjeiras dos EUA com relação a 'países amigos’’. Recebeu um tratamento cruel e degradante e foi condenado a 35 anos de prisão.

Um banho de sangue acontece ainda hoje no mundo árabe, cujo início fora provocado pelas noticias postadas no WikiLeaks” de Assange. Em 2010, a partir dessas informações, notícias, que antes eram filtradas, foram publicadas a respeito de assuntos internos da Tunísia. Em dezembro, um jovem de 26 anos, Mohamed Bouazizi  ( o quinto whistleblower) se imolou, colocando fogo no próprio corpo, em protesto contra os abusos do governo e as condições de vida no país. Esse fato suscitou uma revolta popular. O povo foi para as ruas protestar contra o governo, que foi derrubado. A TV Al Jazeera mostrava ao mundo, especialmente aos vizinhos árabes, as manifestações. Levantes da mesma ordem surgiram em seguida no Egito, na Líbia, na Síria, no Iêmen, no Sudão, em Bahrein, Marrocos, Argélia, Jordânia e Sudão. Era a primavera árabe, segundo Assange numa entrevista em Londres. A publicação das noticias obtidas pelo WikiLeaks, foi o estopim que levou o jovem tunisiano Mohamed, oficialmente um vendedor de verduras (Assange diz que era um um técnico em computação) a dar ‘start’' no que foi chamado de  “Primavera Árabe”. 

Sabemos que a guerra na Síria, o Estado Islâmico e outras dores horrendas que humanidade sofre, podem ser consideradas rescaldos das divulgações de Assange no Wikileaks. Mas seria justo dizer que as autoridades dos governos que os condenam têm o direito de  impingir neles a  condenação de serem traidores? Se foram verdades o que divulgaram, como podem ser responsabilizados pelos efeitos da divulgação de atos cometidos por outros.  Como podem ser eles culpados pelas consequências dos atos cometidos por terceiros?  Vejamos como se defende Assange, explicando ‘o parto’ da Primavera Árabe:

“Essa frustração intelectual, irritação inegável e sede de mudança mesclados a um ato emocional e físico nas ruas mudou a equação que sustentava o status quo: aparentemente tudo estava bem, o povo vivendo e trabalhando, como em Londres ou outro lugar do planeta, mas se observavam fatos que não eram amplamente divulgados e discutidos como numa democracia saudável.  Aqui e ali surgem alguém que  denuncia e reclama em algum veículo de comunicação  algum fato, mas sua voz é abafada pela força dos que detêm o poder. ..”, diz  Assange, no vídeo citado acima. Ele descreve assim como ocorre: "o regime diz o tempo todo sobre os que “tocam o apito": “essa é uma voz marginal” “isso é uma minoria” e  "essa não é a opinião popular”. E o que os meios fazem é censurar essas vozes e impedir que as pessoas entendam que o que para o Estado é uma minoria, na verdade é uma maioria. E quando as pessoas se dão conta de que suas opiniões coincidem com a maioria então entendem que fisicamente têm os números a favor e a melhor maneira de demonstrar isso é em uma praça pública. É por isso que a praça Tahir no Egito era tão importante.” Como num jogo de dominó, as pedras foram caindo, os países mudando de governo com mais ou menos violência. 

Desde junho de 2012  Julian  Assange se encontra confinado na embaixada equatoriana,  em Londres.  Ele pediu asilo a Quito para evitar ser extraditado à Suécia, onde responde por um suposto crime de má conduta sexual, que ele nega. Importa observar que tal acusação venha a Suécia, país notoriamente conhecido pela liberalidade de seus costumes no que diz respeito à sexualidade.

Seu grande receio é ser entregue pelos suecos às autoridades americanas que  possivelmente o tratarão de maneira similar ao tratamento que recebem prisioneiros em Guantânamo e os que as televisões mostraram e que aconteceram nas prisões americanas, na guerra no Iraque. Assim sendo, está há quatro anos confinado da Embaixada do Equador, país que lhe concedeu asilo, mas saindo dali para o aeroporto para viajar à América do Sul, seria peso pela policia londrina, entregue aos suecos que o entregariam aos americanos.

Voltemos ao termo whistleblower aplicados a Snowden, Assange, Manning, Lamo e Bouazizi. Para definir bem o termo, seria "o que toca o apito” como um juiz do jogo de futebol marcando uma falta, de algum jogador. Aquele que grita, que denuncia o que está errado e causa dano a todos os que participam do jogo. 

O jogo no caso, seria a globalizada sociedade do planeta Terra. Não posso admitir que Assange, Manning, e Snowden sejam acusados de espionagem. No meu entender, espionagem se configura quando alguém, infiltrado, rouba planos ou conhecimentos de um lado para beneficiar seu opositor, especialmente em caso de guerra ou de conhecimentos relativos à empresas, de industria principalmente. O que eles fizeram, ainda que possam ter recebido dinheiro das empresas jornalísticas, foi compartilhar com todos os habitantes do planeta algo tão doloroso que não poderiam segurar sozinhos. O impulso natural de quem vive tal situação é publicar o que sabe, na esperança de que alguém possa fazer alguma coisa para cessar tal fonte de sofrimento. Os sofrimentos por eles relatados atingem pessoas de todas as etnias.

Se observarmos atentamente, veremos que as diferentes culturas que compõem os povos do planeta convergem  para alguns valores que são comuns a todas elas, em se tratando do que se pode chamar de dignidade humana. As ações denunciadas pelos whistleblowers modernos, atinge grandemente os direitos humanos de muitas pessoas. Nesse caso, não é  justo que sejam julgados por aqueles que realizaram as ações  que foram motivo das denúncias. 

Não se pode conceber que Snowden, Assange e Manning sejam considerados inimigos do povo americano. O que fizeram foi divulgar informações da humanidade. O povo americano aprovaria os fatos por eles denunciados?  Os dirigentes têm o poder realizar atos contrários aos direitos humanos, sem o conhecimento da população? Como considerar a divulgação de seus atos espúrios como traição a um povo? Segredos de Estado podem ser crimes de lesa-humanidade? Quem merece sanções, quem pratica os crimes ou quem os denuncia?

 “Não mate o mensageiro” é uma expressão antiga, muito apropriada para ser considerada pelas autoridades americanas e mundiais no que se refere aos whistleblowers. Não podemos perder as referencias de sabedoria que pautaram a humanidade até aqui. Mesmo porque, o mundo moderno que as deseja excluir tem produzido apenas decadência em termos de civilidade.

Acontece hoje uma situação injusta, em que castas de pessoas se apossam dos governos e organizações, decidem o que realizar, à revelia da população, que é conduzida como ovelhas por meio de recursos da comunicação. Por meio dos filtros da grande imprensa, informações relevantes são sonegadas e a maioria da população vota de acordo com mensagens de marketing e não de acordo com realidade em que vivem, mostrada de maneira falsificada nas campanhas eleitorais, cada vez mais semelhantes a meras disputas esportivas.

Os profissionais da área de comunicação evoluem grandemente na habilidade de atingir emocionalmente as pessoas e influenciá-las a respeito de determinado assunto. Os habitantes do planeta, especialmente os que têm acesso à internet, mas também os consumidores de TV, e parelhos eletrônicos que repercutem as novidades, via marketing, ficam cada vez mais vulneráveis aos novos produtos de consumo cultural. As novas ideias são apresentadas de maneiras cada vez mais impactantes. O objetivo é chamar a atenção, e cada vez importa menos como atingir esse objetivo. 

Sabe-se que o emocional humano é a porta por onde entra as informações que, analisadas pela inteligência acionam a vontade, conduzindo o indivíduo a determinado comportamento, em determinada situação.

No tempo em que velocidade de chegada da informação é cada vez maior, o uso da inteligência tem sido cada vez menor, e as pessoas acabam ‘pulando' do emocional para a ação, uma vez que a vontade é acionada cada vez mais rápido por estímulos cada vez mais eficazes.

Assim, a maioria das pessoas são induzidas a pensar que escolhem muito bem o que fazem, quando, na verdade são cada vez mais induzidas a determinados comportamentos  por estímulos estudados e calculados por pessoas que muitas vezes já substituíram o discernimento pelo prazer do objetivo alcançado, sobretudo quando esse objetivo tem a ver com o reconhecimento de  sua capacidade e sentido de poder. Aldous Huxley parece ter profetizado isso em “Admirável Mundo Novo”.

Os conceitos de honra e dignidade têm sido sepultados por toneladas do que é chamado de sucesso, reconhecimento, título de celebridade. A ciência do marketing é capaz de dourar qualquer pílula e torná-la atraente. É essa violência que considero mais grave do que as sofridas na segunda guerra mundial: a condução da humanidade por meio de artifícios da arte da comunicação, que podemos classificar como um aperfeiçoamento das técnicas de Joseph Goebbels, o comunicador de Hitler. E que Assange descreve alguns parágrafos acima.

Observamos que  a humanidade tem decaído assustadoramente, a ponto dos animais irracionais serem vistos como grandes exemplos de virtudes.  A violência se expande de forma aterradora. Cada vez vemos mais atitudes da natureza maligna, observada por Hobbes, nas ações humanas. 

Nesses momentos os whistleblowers são de grande valia, para a civilização  humana; e os que se consideram “de Deus” o louvam e o agradecem pela existência deles.  Como seria o mundo sem pessoas como eles, ou sem a internet para divulgar as noticias filtradas pelo establishment? 

Os dois casos, Snowden e Assange na minha humilde visão que cidadã que gosta de observar, não poderiam mesmo ficar sem julgamento. Porém, os atos que cometeram extrapolam os interesses americanos porque atingem cidadãos de grande parte do mundo. Serem julgados pelas cortes americanas seria uma grande injustiça, seria entregar o delator à mercê de quem praticou o crime.  É em momentos como esses que a comunidade internacional deve se reunir em Haia e julgar com precisão e equidade tanto acusadores como acusados.  Um debate, à exaustão, dos argumentos dos dois lados, pelos melhores juristas do planeta, transmitido ao vivo e simultaneamente por TV no mundo inteiro  seria algo que beneficiaria toda a civilização humana. Só assim haverá um crescimento em termos de civilização. O grau de desenvolvimento que já dispomos hoje permite.

Tal julgamento, parece que teve  já o seu  começo, com um pedido de Assange à  ONU que se pronunciasse sobre sua situação. No dia cinco de fevereiro deste ano, 2016, um Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária das Nações Unidas, com base nos artigos nono e décimo da Declaração Universal dos Direitos Humanos  ( que dizem: “

"Artigo IX
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.


Artigo X
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.”) 


declarou que Julian Assange, o fundador do site WikiLeaks, se encontrava arbitrariamente detido pelos governos da Suécia e do Reino Unido. Segundo o que foi publicado,  os dois governos  não acataram a decisão da ONU,  suas autoridades acreditam que nada muda na situação do australiano. Aqui parece que os interesses particulares dos países pretendem prevalecer sobre tais direitos de TODOS os seres humanos.

Um julgamento em Haia   asseguraria também, a toda a humanidade, uma confirmação dos Direitos Humanos elencados na Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgados em 1948. Considerando especialmente a sua introdução que diz:

“No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembléia Geral das Nações Unidas adotou e proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos cujo texto, na íntegra, pode ser lido a seguir. Logo após, a Assembléia Geral solicitou a todos os Países - Membros que publicassem o texto da Declaração ”para que ele fosse divulgado, mostrado, lido e explicado, principalmente nas escolas e em outras instituições educacionais, sem distinção nenhuma baseada na situação política ou econômica dos Países ou Estados.”

Ou seja, os interesse particulares dos países não podem prevalecer sobre tais direitos.

Recordar e confirmar  os Direitos  Humanos Universais declarados em 1948 é primordial para a humanidade. Vivemos tempos muito difíceis  em que eles próprios e  até mesmo os objetivos e princípios das Nações Unidas podem ser adulterados por meio de mudanças em em seus termos, de maneira sutil, indicando que tudo pode ser somente ser uma questão de semântica…

Os seres humanos mais sensíveis, os artistas, já andam apitando aqui e ali produzindo filmes baseados em fatos reais. Podemos citar dois:  “Terra de Ninguém” do diretor Danis Tanovic, que, com humor, relata o que pode estar por trás de fatos acontecidos no conflito que deu fim à antiga Iugoslávia.  Mostra a precariedade da ONU naquela ocasião.  “Outro, também aterrador, sobre outro aspecto da mesma guerra, foi  “A informante”, da diretora Larysa Kondracki, que em inglês se chama “The whistleblower” mostra o tráfico e a escravização de jovens mulheres, patrocinado e acobertado por membros das forças de paz da ONU, na Bósnia, no pós guerra, nos anos 1990. 

Por tantos motivos como esses, seria agora o grande momento para que a humanidade julgue, segundo seus reais paradigmas, como está escrito na Declaração Universal dos Direitos Humanos, essas pessoas.  Reunida online em todo o planeta, ela tem direito a se manifestar; não pode ficar à mercê de apenas algumas pessoas a decidir o destino dos milhões que têm direito, entre eles o de considerar e fazer prevalecer o que considera justo. O progresso da ciência e das facilidades da vida moderna devem concorrer para que cada ser humano seja cada vez mais consciente do que é e o que deseja se tornar, ao evoluir.  Sendo formada de tão preciosos e valorosos indivíduos a humanidade não pode ser conduzida por um "petit comité” que determine o que  se deva considerar bem ou mal. 
  

Giselle Neves Moreira de Aguiar

Sorocaba, fevereiro  de 2016

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Zika, microcefalia e o possível "Amigo da Onça".





O que passo a fazer agora é um exercício da liberdade de pensar e usar o tempo para dedicá-lo a estudar assuntos  que eu considero importantes. Vejo como um luxo esse cumprimento de dever, para quem já ganhou um grau maior de liberdade depois da aposentadoria. Não pretendo acusar as autoridades, e nem ninguém, de nada. Apenas exercer o direito de expressar meus sentimentos e opinião diante de conhecimentos que me chegam como um novelo ao pegar a ponta de um fio.

Aprender a ir além das reportagens partindo de um clique recebido no ‘fundo do coração’ sinalizando que "aí tem!”, foi algo que aprendi, a duras penas, num curso tardio de jornalismo. 

As primeiras notícias associando a microcefalia à zika transmitida pelo aedes aegypti, fez acontecer o primeiro clique: aquilo não 'caiu bem'. Logo em seguida surgiram outras noticias, como a da preocupação de cientistas com relação ao fato da microcefalia poder estar ligada ao vírus da rubéola. Pior ainda, a um possível erro operacional dos agentes de saúde da rede pública de Pernambuco, onde ocorreram o maior número de casos,  quando teriam  aplicado  a vacina tríplice (para sarampo, caxumba e rubéola) em mulheres no início da gestação, o que provocaria a microcefalia no feto, entre possíveis outras deficiências. Chamava muito atenção deles o fato de que só no Brasil o zika vírus tenham provocado tal deformidade e o da grande incidência dos mesmos em Pernambuco.

 Reportagens em tom de ufanismo trazem trabalhos de cientistas modificando geneticamente o mosquito transmissor, impedindo a transmissão do vírus;  os chamados transgênicos. Tal notícia pode ser lida com sinal contrário também. Se existem procedimentos genéticos que modifiquem o mosquito para proteger-nos das doenças, não seria possível modificá-los para que transmitam doenças novas? Quanto a considerar tal fato como inimaginável, uma olhada ao redor do planeta através das notícias recebidas mostram a possibilidade de tal fato acontecer tanto quanto outras barbáries que temos sofrido, como membro da humanidade, cujas noticias nos chegam já em formato banal. De onde pensamos que vêm as inspirações dos roteiristas dos filmes e séries que dão verdadeiros banhos de horrores? Há muito sabemos que arte imita a vida…

Tais fatos ajudam a  embasar a suspeita de que tudo isso possa ser ação de uma  elite do planeta com intuito de diminuir a densidade demográfica mundial, particularmente nas regiões mais pobres. Antes do curso de jornalismo eu riria de tal afirmação porque não  observava o conluio subentendido  das grandes empresas de comunicação com os poderosos do planeta. Afinal, eles sempre ditam as regras. Hoje sei que mais grave do que dourar a pílula para proteger governantes, o filtro das notícias é muito mais relevante. Assim, temos as noticias que querem que tenhamos, enquanto muitas outras que poderiam nos interessar simplesmente não são consideradas noticias e não aparecem nos jornais.

 O leitor pode observar que os jornais mais importantes, sejam impressos, no rádio  ou naTV, trazem praticamente as mesmas noticias e não mudam nem mesmo as opiniões dos que as comentam. São politicamente corretos. Recebemos noticias pasteurizadas, do interesse da elite local, que é submissa à elite estadual, que depende  da federal, que por sua vez se sente vaidosa de dizer que está  de acordo com as organizações continentais e planetárias…

A internet ainda é uma seara na qual podemos colher informações que atendem aos nossos interesses. Basta puxar um fio num site buscador e vem atrás deles muitos novelos de noticias a tal respeito, vindas de especialistas e estudiosos do assunto procurado. Usando o bom senso aprimorado pela idade ou experiência elegemos o que consideramos importante e vamos  tecendo a nossa própria narrativa com o fio da meada descoberto.

A partir de um documentário sobre os frutos da liberação do aborto nos Estados Unidos  descobri a figura de Magareth Sanger, fundadora da Liga Americana do Controle da Natalidade (ABCL) como a precursora do  Programa Paternidade Planejada, de grande importância naquele país. Tal senhora se empenhava, já em 1917, pelo controle da natalidade de negros e amarelos para a salvação da civilização americana, conforme seus artigos: “Alguns aspectos morais da eugenia”, “A consciência eugênica”, “Controle de natalidade e eugenia positiva”, publicados na revista “Controle de Natalidade”, fundada por ela.  Pode-se saber mais sobre essa senhora no site do The Washington Times que, citando a revista Times, diz que ela seria uma das pessoas americanas mais influentes de todos os tempos.

Pesquisando mais um pouco, descobre-se que a ideia e o termo eugenia, visto como o apuramento  da raça humana por meio do controle dos nascimentos, nasceram em 1883 com Francis Galton, entusiasmado com os estudos de  Charles Darwin.  A ideia teve o seu apogeu na Alemanha de Hitler com os horrores das  Leis de Nuremberg para a proteção do sangue e da raça ariana. Elas proibiam o casamento e relacionamentos sexuais de judeus com alemães, ordenavam a esterilização dos negros que viviam na Alemanha,  determinavam o confinamento dos ciganos e  o extermínio  dos, segundo o pensamento nazista, considerados indignos de viver: os criminosos, os degenerados, os dissidentes, os deficientes mentais, os homossexuais, os vadios, os insanos e os fracos;  todos os que podiam manchar o sangue ariano. 

O foco sobre os judeus, levou, por meio de uma notável campanha publicitaria chefiada por Joseph Goebbels, ao que conhecemos como holocausto do povo judeu. Entre as técnicas usadas  está a queima dos livros, uma maneira antiga de impedir o acesso da população a informações desinteressantes para o establishment. 

Associando todas essas informações, não seria ilógico pensar em um projeto moderno de eugenia, baseado nas sementes de Galton, considerando secretamente os mesmos ideais de Sanger, Hitler e outros (que no fundo se reduzem ao desejo de controle e poder), aplicando a  “genialidade” de Goebbels à realidade tecnológica que hoje vivemos. 

Canalizar o sentido da "liberdade feminina” (ainda que coubesse gênero ao termo liberdade), para a prática do aborto, usando como pretexto a microcefalia por uma maciça divulgação de opiniões   ‘celebridades' e da propaganda à la Goebbels, configura um grande  projeto de engenharia social.

Nada melhor do que ter um mosquito como responsável, como justificativa, para que assassinatos de crianças indefesas aconteçam ainda no útero materno e sejam considerados apenas uma necessária assepsia. Tem-se ainda, visto como benefício, o fantasma do mal do mosquito, fazendo com que as mulheres se sintam impedidas de engravidar. Assim, a população mundial poderá ser diminuída, especialmente nos pobres países de clima tropical. Isso facilitaria muito o controle do mundo pela casta de iluminados que, usurpando o lugar de Deus, resolve decidir o que é bom e o que é ruim, para toda a humanidade.

O custo de tal obra de engenharia seria deveras pequeno se considerarmos que as estruturas  dos EUA e da ONU estão já estavelmente estabelecidas. Basta que suas autoridades dêem declarações que são amplamente divulgadas, em todas as mídias, gerando cada vez mais convergentes impressões. 

Giselle Neves Moreira de Aguiar



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Os espigões e o calor

Por Gilson Moreira Neves
Fotos e texto


Os espigões brotam e confinam o verde. Com o tempo, a impermeabilização do solo faz incidir e refratar o calor, que faz aumentar a sensação térmica no microclima...Daí o calor senegalês que assola por toda parte....









Proliferação

Por Gilson Moreira Neves
Fotos e texto

Como um passo de mágica, da noite para o dia, esses espigões brotam a todo vapor, desencadeando alterações irreversíveis. É preciso levar em conta, durante suas edificações, a associação do conforto ao homem, em novas moradas, sem agredir o verde genuíno...





Gaiolas verticais

Por Gilson Moreira Neves
 Fotos e texto


O gigantismo desses edifícios incita um certo confinamento, no dia a dia, das pessoas 
nessas gaiolas verticais. É preciso que existam equipamentos de apoio para compensar e incitar conforto e qualidade de vida...










Perspectivas

Por Gilson Moreira Neves
Fotos e texto




     Ao olhar para cima, os topos dos edifícios se perdem em perspectivas...





Sombras

Por Gilson Moreira Neves
 Fotos e texto


As sombras projetadas pelos edifícios, ora pode ser benéfica, ora prejudicial, dependendo da destinação do uso dos espaços adjacentes.



Áreas molhadas


Por Gilson Moreira Neves
Fotos e texto



 Os espaços abertos e lúdicos requerem um ótimo planejamento. As áreas molhadas exigem detalhamentos específicos para um bom funcionamento...














Harmonia

Por Gilson Moreira Neves
Texto e fotos













Não é qualquer planta bonita que pode ser inserida no paisagismo. É necessário ainda que elas estejam em harmonia e proporcionalidade com o espaço cênico. O uso das plantas exploradas nos séculos passados estão de volta, como por exemplo os buxus sempervirens em arte topiaria; As cycas, em conjunto dão vida à paisagem. 

A iluminação também tem que atender a diversos propósitos: iluminar a composição paisagística e as áreas de circulação. O excesso faz transformar a noite em eterno dia..... 

Arquitetura, engenharia, urbanismo e paisagismo quando interrelacionadas entre si, com maestria, é uma premissa que todos os profissionais devem se empenhar em prol da qualidade de vida do homem.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Zika: o pior contágio pode ser o da manipulação



Não devemos, facilmente, ‘engolir’ informações, mesmo as ‘oficiais’, sem antes considerá-las à luz da sensatez. Principalmente em um tempo como este, quando as notícias nos  levam  a  sentir que vivemos em algum lugar bem próximo ao inferno; graças à muitas ações governamentais cheias de ‘boas intenções’.

As notícias veiculadas têm sido cada vez mais reduzidas a meros ‘lides'. Lide (lead) é o nome que os jornalistas atribuem ao primeiro parágrafo das reportagens, que deve responder às cinco perguntas básicas numa  noticia: o quê,  quem, onde, como e por quê. Mesmo nas reportagens longas e profundas, a maioria das pessoas, as que se informam basicamente através das redes sociais, leem apenas os lides ou, menos ainda,  só  as manchetes.

Se, de certa forma isso é bom porque nos dá uma noção geral do que está acontecendo no mundo,  diante de algumas é necessário aprofundar o olhar, gastar mais tempo e analisar mais dados a respeito do que nos está sendo nos apresentado como notícia certa e verdadeira. Especialmente  aquelas em que  os conteúdos já se mostram pensados e analisados por autoridades no assunto cabendo a nós, o público, apenas ‘engolir’ o que já teria sido mastigado pelas pessoas consideradas importantes. Não sabemos quem elegeu tais pessoas como importantes e quem lhes conferiu o direito de pensar, analisar e decidir por nós o que seria ético e certo realizar  diante de  situações importantes para a espécie humana. Graças às mesmas inúmeras noticias, nos sentimos cada vez mais integrantes da humanidade. Essa espécie cada vez mais vista como formada de pessoas muito diferentes entre si; porém, à medida que conhecemos as mais diversas etnias, descobrimos que na alma, onde moram os sentimentos, somos perfeitamente iguais.

Observando os valores que realçam as características espirituais da humanidade (as mesmas que nos tornam iguais), sendo vilipendiados na corrente de informações que conduzem a um mundo sem Deus, sentimos a necessidade de parar um pouco e pensar.  Usar do livre arbítrio e escolher segundo os nossos valores pessoais é essencial. Podemos fazer isso sem sem nos apartar da corrente uma vez que ela nos alardeia, sem parar, que somos livres para escolher o considerarmos melhor; que somos os verdadeiros donos do nossos corpos, podendo fazer deles, e neles, o que bem entendermos.  

Nesse quesito,  concordo com o que o diz tal corrente de pensamento. Somos realmente livres.  Cada um de nós pode viver e realizar atos que considere bons diante de si mesmo como pessoa única e insubstituível diante do universo todo. Para impedir que tal direito seja imobilizado, submerso e  depois extinto pelo tsunami de opiniões de ‘celebridades', é necessário um tempo dedicado a fazer uso do nosso precioso direito de escolher. Pensar e analisar os fatos, principalmente os que atingem mortalmente o nosso direito de escolher e nos posicionar de acordo com a luz da nossa própria consciência.

O que passo a fazer agora é um exercício dessa liberdade de pensar e usar o tempo para dedicá-lo a estudar assuntos  que eu considero importantes. Vejo como um luxo esse cumprimento de dever, para quem já ganhou um grau maior de liberdade depois da aposentadoria. Não pretendo acusar as autoridades, e nem ninguém, de nada. Apenas exercer o direito de expressar meus sentimentos e opiniões diante de conhecimentos que me chegam como um novelo ao pegar a ponta de um fio.

Aprender a ir além das reportagens partindo de um clique recebido no ‘fundo do coração’ sinalizando que "aí tem!”, foi algo que aprendi, a duras penas, num curso tardio de jornalismo. 

As primeiras notícias associando a microcefalia à zika transmitida pelo aedes aegypti, fez acontecer o primeiro clique: aquilo não 'caiu bem'. Logo em seguida surgiram outras noticias, como a da preocupação de cientistas com relação ao fato da microcefalia poder estar ligada ao vírus da rubéola. Pior ainda, a um possível erro operacional dos agentes de saúde da rede pública de Pernambuco, onde ocorreram o maior número de casos,  quando teriam  aplicado  a vacina tríplice (para sarampo, caxumba e rubéola) em mulheres no início da gestação, o que provocaria a microcefalia no feto, entre possíveis outras deficiências. Chamava muito atenção deles o fato de que só no Brasil o zika vírus tenham provocado tal deformidade e o da grande incidência dos mesmos em Pernambuco.

 Reportagens em tom de ufanismo trazem trabalhos de cientistas modificando geneticamente o mosquito transmissor, impedindo a transmissão do vírus;  os chamados transgênicos. Tal notícia pode ser lida com sinal contrário também. Se existem procedimentos genéticos que modifiquem o mosquito para proteger-nos das doenças, não seria possível modificá-los para que transmitam doenças novas? Quanto a considerar tal fato como inimaginável, uma olhada ao redor do planeta através das notícias recebidas mostram a possibilidade de tal fato acontecer tanto quanto outras barbáries que temos sofrido, como membro da humanidade, cujas noticias nos chegam já em formato banal. De onde pensamos que vêm as inspirações dos roteiristas dos filmes e séries que dão verdadeiros banhos de horrores? Há muito sabemos que arte imita a vida…

Tais fatos ajudam a  embasar a suspeita de que tudo isso possa ser ação de uma  elite do planeta com intuito de diminuir a densidade demográfica mundial, particularmente nas regiões mais pobres. Antes do curso de jornalismo eu riria de tal afirmação porque não  observava o conluio subentendido  das grandes empresas de comunicação com os poderosos do planeta. Afinal, eles sempre ditam as regras. Hoje sei que mais grave do que dourar a pílula para proteger governantes, o filtro das notícias é muito mais relevante. Assim, temos as noticias que querem que tenhamos, enquanto muitas outras que poderiam nos interessar simplesmente não são consideradas noticias e não aparecem nos jornais.

 O leitor pode observar que os jornais mais importantes, sejam impressos, no rádio  ou naTV, trazem praticamente as mesmas noticias e não mudam nem mesmo as opiniões dos que as comentam. São politicamente corretos. Recebemos noticias pasteurizadas, do interesse da elite local, que é submissa à elite estadual, que depende  da federal, que por sua vez se sente vaidosa de dizer que está  de acordo com as organizações continentais e planetárias…

A internet ainda é uma seara na qual podemos colher informações que atendem aos nossos interesses. Basta puxar um fio num site buscador e vem atrás deles muitos novelos de noticias a tal respeito, vindas de especialistas e estudiosos do assunto procurado. Usando o bom senso aprimorado pela idade ou experiência elegemos o que consideramos importante e vamos  tecendo a nossa própria narrativa com o fio da meada descoberto.

A partir de um documentário sobre os frutos da liberação do aborto nos Estados Unidos  descobri a figura de Magareth Sanger, fundadora da Liga Americana do Controle da Natalidade (ABCL) como a precursora do  Programa Paternidade Planejada, de grande importância naquele país. Tal senhora se empenhava, já em 1917, pelo controle da natalidade de negros e amarelos para a salvação da civilização americana, conforme seus artigos: “Alguns aspectos morais da eugenia”, “A consciência eugênica”, “Controle de natalidade e eugenia positiva”, publicados na revista “Controle de Natalidade”, fundada por ela.  Pode-se saber mais sobre essa senhora no site do The Washington Times que, citando a revista Times, diz que ela seria uma das pessoas americanas mais influentes de todos os tempos.

Pesquisando mais um pouco, descobre-se que a ideia e o termo eugenia, visto como o apuramento  da raça humana por meio do controle dos nascimentos, nasceram em 1883 com Francis Galton, entusiasmado com os estudos de  Charles Darwin.  A ideia teve o seu apogeu na Alemanha de Hitler com os horrores das  Leis de Nuremberg para a proteção do sangue e da raça ariana. Elas proibiam o casamento e relacionamentos sexuais de judeus com alemães, ordenavam a esterilização dos negros que viviam na Alemanha,  determinavam o confinamento dos ciganos e  o extermínio  dos, segundo o pensamento nazista, considerados indignos de viver: os criminosos, os degenerados, os dissidentes, os deficientes mentais, os homossexuais, os vadios, os insanos e os fracos;  todos os que podiam manchar o sangue ariano. 

O foco sobre os judeus, levou, por meio de uma notável campanha publicitaria chefiada por Joseph Goebbels, ao que conhecemos como holocausto do povo judeu. Entre as técnicas usadas  está a queima dos livros, uma maneira antiga de impedir o acesso da população a informações desinteressantes para o establishment. 

Associando todas essas informações, não seria ilógico pensar em um projeto moderno de eugenia, baseado nas sementes de Galton, considerando secretamente os mesmos ideais de Sanger, Hitler e outros (que no fundo se reduzem ao desejo de controle e poder), aplicando a  “genialidade” de Goebbels à realidade tecnológica que hoje vivemos. 

Canalizar o sentido da "liberdade feminina” (ainda que coubesse gênero ao termo liberdade), para a prática do aborto, usando como pretexto a microcefalia por uma maciça divulgação de opiniões   ‘celebridades' e da propaganda à la Goebbels, configura um grande  projeto de engenharia social.

Nada melhor do que ter um mosquito como responsável, como justificativa, para que assassinatos de crianças indefesas aconteçam ainda no útero materno e sejam considerados apenas uma necessária assepsia. Tem-se ainda, visto como benefício, o fantasma do mal do mosquito, fazendo com que as mulheres se sintam impedidas de engravidar. Assim, a população mundial poderá ser diminuída, especialmente nos pobres países de clima tropical. Isso facilitaria muito o controle do mundo pela casta de iluminados que, usurpando o lugar de Deus, resolve decidir o que é bom e o que é ruim, para toda a humanidade.

O custo de tal obra de engenharia seria deveras pequeno se considerarmos que as estruturas  dos EUA e da ONU estão já estavelmente estabelecidas. Basta que suas autoridades dêem declarações que são amplamente divulgadas, em todas as mídias, gerando cada vez mais convergentes impressões. 

Giselle Neves Moreira de Aguiar