sábado, 25 de julho de 2015

São Tiago Matamoros e as guerras santas, ontem e hoje






 A observação de cada etapa do tempo linear da história faz notar que os tipos de comportamento dos povos em relação aos outros só variam pelos tipos de armas usadas. Os sentimentos que os impelem são sempre os mesmos: o do mais forte querendo dominar e ampliar sua área de conforto para fortalecer suas características e a do  agredido querendo se defender para continuar a existir. Continua até hoje o velho instinto de autopreservação natural, que nos seres humanos é mais abrangente do que nos outros animais. 

Quanto mais o tempo passa mais evolução acontece e as armas vão se tornando mais sofisticadas, mas continuam provocando dor e muito sofrimento aos seus alvos. Também, os seres humanos foram, aos poucos, descobrindo que o que os movia belicosamente era o conjunto de valores invisíveis que  tinham em comum, o que fazia deles um povo. Valores que só a alma humana pode avaliar.

Assim, as guerras foram acontecendo por motivos claramente espirituais, os religiosos, os mesmos que defendiam os humanos da própria violência, os que lhes davam a transcendência do invisível, os que os tornavam melhores aos próprios olhos: os valores que condenam a violência e proíbem matar porque consideram a vida sagrada.

 Nesse ponto da história, formado de um longo período, surge a esquizofrenia, que dissocia o pensamento e sentimento da ação praticada. Quando o amor aos valores mais sublimes impele os humanos à guerra. 

As guerras religiosas são as guerras mais humanas, quando o instinto de sobrevivência se torna forte e impulsiona os indivíduos que formam um povo  a atacar a quem os deseja destruir, para, pelo menos, morrer lutando, honradamente por algo que valha mais do que a vida biológica. 

 Essas premissas são necessárias para entender os habitantes da Espanha, que no século IX, vendo sua terra invadida e dominada pelos mouros islâmicos, que além de entrar nas suas igrejas e catedrais à cavalo, profanando seus lugares sagrados, exigiam um tributo de cem donzelas dos habitantes do lugar.  Diante da agressão e ofensa ao que tinham de mais sagrado, os espanhóis invocaram o auxílio de um apóstolo de Jesus Cristo, São Tiago, cujos restos mortais haviam sido descobertos na  sua terra anos antes. A tradição  diz que o santo teria aparecido em batalha, num cavalo branco, com uma espada na mão incentivando  os cristãos à luta, vencida na famosa batalha de Clavijo, a partir da qual os invasores foram expulsos. Desde então surgiram as imagens de "São Tiago Matamoros"

 Atualmente, quem vai à Compostela e vê a grande imagem do Santo, sobre o cavalo, a atingir pessoas com golpes de lança, fica no mínimo assombrado com a violência e incoerência da cena, e é capaz  de imaginar coisas horríveis acerca dos cristãos antigos e sua fé. Mas, quem procura tecer a narrativa da vida com a linha do tempo, pode compreender o que sentem os protagonistas das violentas cenas de guerras que acontecem hoje no Oriente Médio entre judeus e islâmicos e  no Iraque, com o massacre dos cristãos que, por sua vez, agiam da mesma maneira, nas devidas condições: movidos pelo sentimento de ameaça da perda de algo mais valoroso que a vida biológica. 

O escritor inglês, G. K. Chesterton define bem esse sentimento tão humano  que se mantém intacto ao longo de décadas, séculos e milênios, por mais que queiram dissimulá-lo ou lhe dar outras conotações: “O verdadeiro soldado luta não por ódio ao que tem pela frente, mas por amor ao que tem por detrás.”

Enquanto as guerras e lutas forem pelo sagrado, ainda há esperança para a humanidade. Quer dizer que ainda há algo, imensurável por meios materiais, por que vale a pena lutar. Pior que  tais guerras, é a sensação falsa de conforto e prazer difundida por quem deseja dominar mentes corações pela mera sensação do próprio poder;  por esse modo, a humanidade toda estaria já como os habitantes da "Matrix"…

sábado, 18 de julho de 2015

Usando armas pré-históricas em defesa do país e da humanidade



Ví, num documentário de TV, que numa ilha de Bornéu grandes animais existem em tamanhos muito menores, se comparados aos outros de sua espécie, devido aos poucos recursos naturais do local. A própria natureza se encarrega de fazê-los menores, para que possam continuar a existir consumindo menos dos parcos recursos.

Assistindo a uma  análise  dos últimos acontecimentos na vida política e econômica do país  feita por um grupo de comentaristas de política e economia  de um canal de TV a cabo  observei como andam confusos os nossos jornalistas. Suas análises genéricas e superficiais, engessadas em embalagens politicamente corretas compatíveis com o próprio veículo, não conseguem  abarcar a verdadeira situação em que vivemos. Fizeram-me lembrar os "grande pequenos” animais de Bornéu. Deveriam ser grandes, mas se mostram pequenos.

Preocupados em expor fato por fato de maneira elegante, a maioria deles não consegue fazer conexões entre uma notícia e outra, e menos ainda ver além da informação que a fonte lhe passa verbalmente. Exibem, involuntariamente, o cabresto ideológico que trazem incorporado via Gramsci, o emblema da Escola de Frankfurt. A maioria nem percebe que ele faz parte de sua indumentária cultural, da mesma maneira que alguém, pilotando uma moto, não presta atenção no próprio capacete. É automático.

Na escola de jornalismo aprendem que seus futuros patrões são monstros capitalistas que só pensam em manipular seus incautos leitores/espectadores/ouvintes porque são mancomunados com os que detêm os poderes político e econômico. Juntos, esses dinossauros exploram os pobres miseráveis que compõem a população, roubam seu tempo de justíssimo lazer para submetê-los a detestáveis horas de trabalho, fazendo de cada cidadão (termo que nunca usam com a devida conotação) um escravo, físico e mental.

Mas, acometidos de estranha esquizofrenia, ou obedecendo à natureza atraída para o que parecer ser melhor, a maioria dos novatos sonha em trabalhar nas grandes redes de TV. A  mesma visão míope de mundo apreendida na escola, a que faz ver todo patrão como explorador, toda religião como ignorância, e toda autoridade questionável, continua pautando as suas matérias. 

 Nos artigos e reportagens que tratam de família tradicional, polícia, e religião  as visões são todas de críticas e condenações, implícitas ou explícitas. Nossos jornalistas são formados na escola para terem apenas uma visão de mundo.  Tudo que possa transcender ou exigir um pouco mais de tempo em sua atenção, principalmente se disser respeito à religiosidade da maioria esmagadora do povo, é naturalmente rotulado como ignorância de gente manipulada, e a condenação latente vem com a mesma automação acontecida com quem pisa no freio do carro diante de um sinal de trânsito fechado.

Sendo assim, não têm acuidade suficiente para assimilar e muito menos analisar o comportamento de  figuras da política como os deputados Jair Bolsonaro, militar, Pastor Marcos Feliciano, Eduardo Cunha e os outros parlamentares que compõem a bancada evangélica. São incapazes de ouví-los com natural interesse jornalístico e de observar o que desejam sem que seja através de um arsenal de preconceitos. Só  conseguem  vê-los através das lentes ideológicas implantadas nas suas almas por professores marxistas ateus. 

Os mesmos que pregam contra o preconceito racista e sexista são agentes do mais cruel bullying contra os religiosos, sobre os quais só consideram as informações fornecidas pelos  inimigos. Devido a tamanha aversão que sofrem por tais pessoas fazem delas os piores conceitos, simplesmente por serem religiosas; ainda que, eles mesmos, quando crianças, também se deliciassem em cantar hinos nas escolas dominicais,  cultivassem  profundo respeito e admiração por  seus pais e  tivessem sentido o calor terno da feição deles. Tais  sentimentos foram submetidos a tantas críticas veladas e explícitas na faculdade, até que a religião  e o amor familiar se tornassem para eles  motivo de vergonha.

Como podem entender que os religiosos são os únicos que verdadeiramente combatem a tamanha corrupção que infecta todo o corpo da nossa Nação? Tomando como certa a afirmação de que  não são moralmente melhores, e nem piores do que todos os seus pares, são eles os únicos a defender a natureza humana das aberrações estimuladas por órgãos governamentais. Ministérios federais, obedientes à visão atéia de mundo seguida por uma minoria, emitem ordens para  controlar o que devem  aprender os estudantes nas escolas,  proibir a palmada dos pais nos filhos,  dizer se o cidadão pode ou não fumar e outras no mesmo sentido. Conseguem, os jornalsitas de hoje, ponderar o significado real do que tem acontecido?

Para exterminar a fé e o amor de Deus nas mentes e corações cristãs de 86% da população segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a corrupção  tem sido semeada cada vez mais cedo nas nossas escolas.   A bancada evangélica luta abertamente para que a visão de mundo revelada por Deus, sempre seguida pelos construtores do que há de bom neste mundo, seja também considerada, e a cultura da maioria democrática respeitada.

 Apresentados aos mais jovens como horrendos dinossauros, esses parlamentares representam a natureza da imensa maioria dos brasileiros diante de um pequeno número de mentes degeneradas que tencionam submeter toda a população à pobreza e miopia da sua condição humana: só  poder sentir prazer por meio do corpo, esse pobre aparelho biológico, a frágil embalagem do espírito humano; este sim, quando sadio, é capaz de maravilhas inimagináveis. 

Para defender a natureza humana da degeneração, o perigo ecológico diante  do qual  o rombo na Petrobrás  parece ser  apenas a destruição de um formigueiro, seja usada a força primitiva que movia nossos ancestrais diante das ameaças à sua gente, força ainda preservada heroicamente  pelos  tão combatidos religiosos. Porém, tal batalha só pode  ser percebida por  quem ainda faz uso do original aparelho de visão espiritual que acompanha um bebê humano desde o ventre materno, esse mesmo, que tem sido abafado pelo cabresto ideológico...


Giselle Neves Moreira de Aguiar

segunda-feira, 6 de julho de 2015

AGAVE






Sempre acerta quem explora essa planta nos canteiros e áreas ajardinadas, por vários motivos:
é uma planta escultural e estrelar com folhas arqueadas, por excelência.
Por ser cinérea, difere das clorofiladas, dotada de uma cor alva prateada ou cinérea, podem ser utilizadas em grupos ou isoladas. Harmonia perfeita com pedras e madeiras.
Não deve ser podada e sim a retirada das folhas inferiores, quando velhas.
Na foto o canteiro não avança e nem concorre com o passeio devido ao importante recuo previamente pensado no projeto arquitetônico.
Seu plantio não deve ser rente aos passeios, pois suas folhas, embora sejam suculentas são quebráveis. 
As agaves da foto possuem um espinho (acúleo) no terminal de cada folha tal como as agressivas gaves potatorum.
E conselhável mantê-las longe de crianças
Explorar essa variedade de agave equivale buscar certeiramente e alcançar uma nova imagem paisagística de valia.

O país do mutatis no mundo mutandis



Pensavam que  viviam num país, mas este se tornava mais parecido com uma prisão muito estranha. As pessoas não se sentiam aprisionadas. Eram mantidas distraídas o tempo todo. Tinham sempre a atenção presa em algo que as fazia esquecer a condição de prisioneiras; muitas vezes  eram assuntos relacionados ao gozo dos prazeres físicos, quase sempre  acrescidos de sabor vindo de emoção causada pela transgressão . 

Mas era a cizânia semeada entre os moradores a principal responsável pelo  vigor de tão estranha condição. A alguns era sugerida suposta má fé de outros a respeito de determinado fato. Surgia, então, um sentimento de repulsa, de revolta, que, crescendo, era compartilhado com outros, que o ruminavam e passavam à frente, acrescido da própria fermentação.  De tal forma, grande parte do tempo era gasto no cultivo da cizânia.  Embora as nuances das antipatias criadas fossem bastante variadas, elas se agrupavam em duas partes que abrangiam todo o território. Cada parte alimentava a contenda com elogios entre si, em número e intensidade diretamente proporcionais às atribuições  de maldade  a qualquer ação dos integrantes da outra parte. 

De vez em quando os ânimos ficavam mais exaltados, e os guardas eram chamados. Os dois lados odiavam os guardas porque a cada grupo era sugerido que eram aliados da outra parte.

Enquanto isso, os habitantes tinham o comportamento pautado como se crianças fossem. Por todos os meios, recebiam informações que conduziam, aos poucos, seus pensamentos de modo que os conceitos a respeito de questões unânimes no imaginário coletivo iam sendo removidos  enquanto outros, quase antagônicos, eram implantados, de acordo com o interesse da administração. A própria cizânia que isso podia derivar  era largamente usada em tal proveito. Polêmica ajuda a difundir ideias, e ninguém quer ser taxado de retrógrado diante de ideias novas. 

Insuflada por falsos elogios, a vaidade dos habitantes ajudava os carcereiros a implantar novos valores que os tornavam cada vez mais poderosos. Eles  determinavam  o que era bom e o que era ruim; o que poderia, ou não, ser feito. A “administração” já  era capaz de determinar  que os pais  não podiam mais corrigir os filhos pelo uso da habitual palmada, e se as pessoas podiam, ou não, fazer uso do tabaco… O poder  da administração  já entrava dentro dos domicílios e na vida particular.  As pessoas entregavam a liberdade, o poder de escolha sobre os fatos mais relevantes e próximos da sua dignidade em troca de prazeres e de conforto, físico e psicológico. Consciências eram entorpecidas por barbitúricos verbais.

As notícias percorriam todos os ambientes. Havia uma casta dos habitantes que era especialista em divulgar as novas, a respeito dos acontecidos. Os integrantes desta casta se relacionavam bem com os dirigentes do sistema de administração e com os líderes de todos os grupos que compunham a população. 

Muitas pessoas apreciavam ouvir o que diziam os noticiosos e ficavam observando as análises que faziam da situação. Gostavam de se entreter com as contendas, uma vez que os profissionais da notícia sempre tomavam o partido de um dos lados, mas, no fundo, todos apoiavam os carcereiros. Fomentavam as discussões dando subsídios  para debates calorosos; eram movidos a atenção. Quanto mais seguidores tinham, mais importantes  eram.  

Alguns, cada vez mais raros,  chamavam a atenção para a condição de prisioneiros em que todos se encontravam. Estes eram combatidos por todos os lados. Não era bem-vindo tratar de assunto tão desagradável. A maioria já pensava: a vida é tão maravilhosa, existem tantas maneiras de se desfrutar de prazeres, e vem alguém tentar atingir consciências com tema tão dolorido!…

Os carcereiros eram sempre ovacionados como promotores de todos os prazeres. Até que surgiram umas notícias a respeito deles… Os noticiosos disseram que os guardas  haviam descoberto que  os poderosos usavam os recursos dos trabalhos dos habitantes em proveito próprio, e, também, nas artimanhas para trazer todos embevecidos com as benesses, enquanto se apoderavam cada vez mais fortemente de todas as formas de exercer o poder.

 Foi disseminada a desconfiança a respeito dos carcereiros. Os noticiosos, se debatiam sem, contudo, apontar uma saída para o grande problema. Eles próprios, acostumados a apontar os defeitos dos líderes dos grupos, não conseguiam declinar, com todas as letras, a situação dos carcereiros, que os alimentavam com palavras e benefícios. Sempre "mordiam e assopravam”.

Os recursos geradores dos prazeres estavam se escasseando e  a atmosfera do lugar  se tornava espessa, densa como uma geléia,  e as pessoas se sentiam quase engessadas, sem esperança de novos prazeres e sem capacidade para reagir e mudar a situação. Havia já quem falasse de desemprego, inflação e desabastecimento o que aumentaria a já quase insuportável criminalidade, em todos os segmentos.

No entanto, nenhuma esperança se fazia ver. Alguns, dos  primeiros a desconfiar, andaram descobrindo que não só o seu país estaria em tal situação. Alguns  arquipoderosos tencionam comandar todo o planeta  no nível de mentes e corações.  Para conseguir tal intento, têm  dividido  o  planeta em feudos cada vez maiores, nos quais as novas ideias de prazer e subserviência são implantadas por meio da franquia ideológica que, para assegurar o poder nas mãos dos que o detêm, é sempre  mutatis mutandis…

Giselle Neves Moreira de Aguiar