sexta-feira, 2 de setembro de 2016

A globalização e o filme Cidade do Silêncio

Trabalho apresentado na Universidade, para a disciplina
"Teorias da Comunicação" em março de 2010 


O que mais importa nos filmes baseados em fatos reais 
é sua irrealidade.” – Inácio Araujo, crítico de cinema da Folha 
de São Paulo.

A professora disse que fizéssemos uma análise do filme exibido 
na  última aula, com pareceres próprios e focando o aspecto 
“globalização”.Coincidentemente, no dia seguinte à seção do filme, vejo 
na “Folha de São Paulo” alguém, de verdadeira valia como 
profissional da área, endossar o meu humilde parecer.  
Desagrada-me figurar como petulante ao expor meu 
pensamento, mas o adjetivo de petulante me é menos 
dolorido do que o de omissa ou dissimulada, portanto devo 
expor honestamente o meu parecer a respeito do filme:
Cidade do silêncio, dirigido por Gregory Nava, em 2007.

A frase de Inácio Araujo: “o que importa nos filmes baseados 
em  fatos reais é sua irrealidade” traduziu exatamente o que
 apreendi assistindo à exibição do filme.Trata-se na verdade 
de um filme que deseja  mostrar que é a globalização, cujo 
termo pode ser abordado por diferentes aspectos semânticos.
            
            Pode ser uma expressão muito bem escolhida ao se referir ao 
            fato dos habitantes do planeta Terra tomarem consciência de que 
            moramos todos num minúsculo planeta situado “no quadrante α 
           (alfa)” do  Universo, cuja unidade acaba de ser contestada por 
            astrofísicos modernos, e sermos, portanto, todos vizinhos.

Esta visão induz o ser humano a se preocupar com a evolução, e a 
observar que neste minúsculo planeta, no qual se pode ir de 
qualquer ponto a outro em horas, existem pessoas nos mais 
variados estágios de evolução, todas ávidas de dar vazão à 
necessidade natural de evoluir. Cada uma e cada povo no seu
 ritmo. Essa ideia considera  que  povos de diferentes culturas são 
mais ou menos evoluídos em quesitos diferentes, o que impede
 de algum querer se prevalecer sobre outro. Ao longo da 
história temos relatos de guerras homéricas, entre elas a 
segunda guerra mundial na qual a teoria da supremacia do 
povo ariano pretendida por Hitler foi totalmente demolida. 

O atual estágio da ciência impede qualquer base de comparação 
entre etnias. Em todas elas existem seres humanos das mais 
variadas características. Nossos ancestrais, de todas as etnias, eram movidos 
pelo desejo de comerciar, descobrir novas terras, novos produtos; 
vender os produtos que produziam para quem não os tinham e 
comprar “tesouros” produzidos por povos diferentes. Por tal 
objetivo se arriscavam no mar em viagens heroicas, porque sua 
grandeza era somente em coragem ignorância, uma vez 
que a segurança e os conhecimentos de que dispunham eram 
praticamente nulos. Assim acontecia a evolução do humanoide 
repleto do instinto animalesco que impele ao domínio do espaço
 e de toda situação.

O comércio é o pai da civilização. Diante de um povo desconhecido, 
possuidor de coisas cobiçadas, o mercador se retrai numa 
posição de respeito e consideração pelo outro, motivada pela 
ganância. Imagino que tenha sido assim o início da diplomacia 
internacional. Por isso o tempo de hoje seria o paraíso dos mercadores que 
deram origem ao mundo que agora temos, no qual se pode 
comerciar (descobrir coisas novas, crescer em conhecimentos, 
expandir a vida) sem precisar sair de casa. Graças à 
tecnologia e a indústria que evoluem  a cada hora, porque 
existe um numero cada vez maior de desejosos dos 
aparelhos que conectam as pessoas entre si e faz o mundo 
parecer pequeno.

A indústria, o comércio, o livre mercado internacional e 
os meios de comunicação jamais poderão ser maléficos à 
raça humana. Muitíssimo pelo contrário, eles são os 
veículos de intercambio que quanto mais usados forem, 
mais semelhantes tornam seus usuários.
Considerar as mazelas do mundo um efeito da existência 
do livre comércio, da evolução tecnológica, e dos meios 
de comunicação seria uma atitude similar a de culpar 
à medicina pelos erros dos médicos.

Outra maneira de considerar o termo globalização é a 
adota pelos que se consideram sociólogos, mas estudam 
a sociedade somente pelo prisma do marxismo emoldurado 
pelas ideias da Escola de Frankfurt.Esses sim, demonstram 
pretender globalizar a maneira de ver e pensar o mundo segundo 
a sua ótica, que, considerando o que me tem sido apresentado até 
agora, consiste única e exclusivamente em denegrir 
a imagem dos que produzem riquezas; tanto a dos 
patrões, que qualificam como cruéis exploradores 
do trabalho alheio, como a dos empregados que consideram 
coitados, idiotas, imbecis que se submetem a trabalhar para 
outra pessoa.

Segundo as ideias que propagam apenas eles, os sociólogos, 
antropólogos e similares detêm o saber do que seja bom 
para os seres humanos. São grandes produtores de cizânia, 
entre povos, patrões, empregados. Agem de tal maneira 
que, onde florescem, nenhuma alegria se manifesta.
 Para eles o trabalho humano - considerado por muitos 
como o grande instrumento para a evolução da espécie 
em todos os aspectos - é visto apenas como um castigo 
imposto.  Executam um tipo diferente de trabalho, 
uma engenharia mental desenvolvida por Antônio Gramsci 
para fazer dos meios culturais fábricas de militantes políticos, 
escravos mentais de sua ideologia.

 Devido ao baixo conceito que fazem das pessoas, usam de 
artifícios como este filme, Cidade do Silêncio, para induzi-las
 a culpar o livre comércio por todos os horrores do mundo, tais 
como o estupro e morte de mulheres no México.
Ainda que a arte possa usar de licença poética, podem ser 
respondidas como “forçação de barra” as seguintes perguntas 
feitas a partir da premissa apresentada no filme:

A polícia dizia que 375 mulheres foram estupradas e mortas, 
mas que na realidade foram cerca de 5000, e que os estupradores 
e assassinos eram um figurão e um motorista de ônibus.
         
            - Seriam esses dois criminosos superdotados,  capazes de matar 
             5000 mulheres de tal maneira?
           - O depósito de cadáveres percorrido pela heroína do filme não 
           causaria um cheiro insuportável que logo fosse descoberto?
           - Se as fábricas não existissem os criminosos não atuariam?
           - Seria o livre comércio e os acordos comerciais entre povos responsáveis 
              pelos estupros e assassinatos, como está na mensagem subliminar
             transmitida pelo filme?
         - As pessoas são todas boas, o que representa o mal é o “trabalho escravo” 
            a que são submetidas?
         - Não seria a mesma leitura que os indígenas faziam do demônio, a que 
            o diretor do filme faz dos ianques?
         - Ou, o demônio, ridicularizado no filme, teria transferido seus poderes 
             e sentimentos aos capitalistas exploradores?
         - Como devem ser catalogados filmes ou atitudes em que se 
            foca um acontecimento, visando na verdade chamar a atenção 
            para outro assunto e  induzir as pessoas  ao erro de  tirar
            conclusões baseadas em falácias?
            
           Continuando nesse raciocínio, como nos colocaríamos diante dos
            seguintes termos:
        - usar este tipo de subterfúgio: mensagem subliminar;
           oferecer aos jovens somente uma visão de mundo, como se 
           fosse a única, fazer das aulas uma catequese ideológica, não seria  
           considerado violência?
-Não seria transformar as Universidades em fábricas de produção 
em massa de escravos mentais a serviço da ideologia, produzindo
 profissionais subalternos às ideias da figura ícone de plantão?

   giselle neves moreira de aguiar

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