quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Houve um tempo em que os colunistas dos jornais mais relevantes respeitavam seus leitores e não os comparava a cães raivosos. À Luis Fernando Veríssimo.

Houve um tempo em que os colunistas dos jornais mais relevantes respeitavam seus leitores e não os comparava a cães raivosos.

Está certo que Luís Fernando Veríssimo se coloca entre os que escrevem textos  satíricos, mais chegados ao humor como Danilo Gentili. Mas hoje, 20/08/2015,  ele extrapolou.

 Na sua coluna do “Estadão”, que começa dizendo “Houve um tempo em que os cachorros corriam atrás dos carros” ele compara os participantes das manifestações contra o governo com cães raivosos correndo atrás de um carro sem saber porquê, movidos apenas por uma raiva instintiva. 

É inacreditável ver um escritor e colunista tão bem conceituado  dando a entender que não alcança aquilo que escreve,  à  semelhança de  um internauta  borg ( criatura cibernética da série  Star Trek) que repete afirmações apenas ouvidas como se fossem a mais genuína verdade.

Que falta de respeito aos seus leitores, cuja maioria certamente está entre os que participaram das manifestações por saberem separar atividade  artística  de posição política. Não seria inteligente condenar uma talentosa produção artística somente pela posição política do seu autor. A menos que a arte seja usada como instrumento de invasão do foro íntimo alheio… Aí já não seria mais arte.

Ao comparar os manifestantes com cães raivosos, o autor deixou de lado todo o seu rico repertório de conhecimentos  e a sua boa formação de  filho de Érico Veríssimo para, num tipo de vácuo, agir como um verdadeiro cão raivoso e agredir a democracia, o legítimo direito de manifestação do pensamento contrário ao dele e, principalmente, a inteligência de seus leitores.


A posição visceral do colunista remete ao que venho aprendendo sobre os marxistas, e de que maneira têm conseguido dominar o nosso mundo cultural. Uma frase atribuída a Lenin pode explicar os sentimentos do escritor: "xingue seu opositor daquilo que você é, acuse-o de fazer o que você faz.”  Nada mais ilustrativo para tal máxima do que  a coluna  de Veríssimo  publicada hoje no “Estadão".


Giselle Neves Moreira de Aguiar