segunda-feira, 29 de maio de 2017

Palpite infeliz


Diante do que temos visto ser publicado, principalmente nos principais veículos de comunicação, a respeito dos últimos acontecimentos na história do Brasil, sentimos que também nós temos o direito  de dar nossos palpites. Afinal, a internet é lugar onde TODOS podem viver a liberdade de pensamento e opinião, até as mais comuns das criaturas, no meio das quais me coloco. As que até há pouco tempo só recebiam passivamente  as notícias  dos veículos mais conceituados e as consideravam uma realidade inalterável. 

O progresso tecnológico tem trazido visões e opiniões dos fatos de todas as nuances, e o acesso à fartura delas por meio da internet expande a nossa própria visão e nos permite, ao colocarmos  uma informação diante da outra, tecer a nossa própria visão, ter nosso próprio palpite, que se torna apenas mais um entre todos os que podem existir no universo democrático do ciberespaço.

Passo agora a tentar ordenar minha visão a respeito do imbróglio do audio gravado com o presidente Temer, deixando claro que não pretendo dizer que corresponda à verdade, mas que, certamente, se  alguém  olhar o ambiente  com um olhar investigador,  considerando os mesmos fatos, poderá chegar à mesma conclusão.

Tomo como base, o vídeo do Youtube que mostra o então presidente do PSDB, conversando com Joesley Batista sobre como o governo Temer “amarela" diante das medidas para frear a Operação Lava Jato. 

A começar com a notícia da gravação do audio da conversa entre o presidente Temer e o empresário Joesley Batista feita tarde da noite no Palácio do Jaburu. Ela foi veiculada na coluna do jornalista Lauro Jardim na edição online do jornal “O Globo”, no cair da noite da quarta-feira, 17/05/2017. Os jornais da noite só falavam na gravação de um áudio no qual o presidente Temer teria dado anuência a Joesley Batista para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Mas o áudio não era divulgado. Só enfatizavam que a renúncia era eminente. 

No dia seguinte, os canais de notícias, especialmente o Globonews, passaram a manhã e parte da tarde com um verdadeiro plantão de vários comentaristas de política que diziam continuamente que a renúncia haveria de acontecer. Especulavam a sucessão como se a renúncia fosse caso concreto, mas nada do áudio ser mostrado e a manchete repetida à exaustão era: "Temer e a compra do silêncio de Cunha”.

Foi enfatizada nas edições dos jornais da tarde da mesma emissora  a postagem no Facebook do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, da qual se destacava as palavras: "Os atingidos por elas (as gravações) têm o dever de se explicar e oferecer à opinião pública suas versões. Se as alegações de defesa não forem convincentes, e não basta argumentar são necessárias evidências, os implicados terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia. O país tem pressa.”

Às 15 e pouco da tarde, as redes sociais traziam posts dizendo que o Blog do Noblat, no mesmo site d'O Globo, dava como acontecida a renúncia de Temer.

 Recém havia  começado o noticiário das 16 hora da Globonews, foi interrompido quando mostrava vários comentaristas batendo na mesma tecla: o presidente  faria um pronunciamento à Nação. Com a certeza de ele anunciaria que deixaria, vexado, o cargo, ouvimos, ao contrario, uma pessoa, demonstrando fortaleza e indignação, dizer que, apesar de ainda não ter tido acesso à tal gravação, sabia o que dizia e que nada havia feito que justificasse sua saída. Afirmava que não renunciaria, e exigia a apuração dos fatos nos seu mínimos detalhes. Tão rápida terminou o pronunciamento, a câmera mostrava a mesma expressão constrangimento nos vários comentaristas, que não tiveram tempo para se recompor.

Quase que imediatamente à fala do presidente, o áudio foi divulgado e, para nosso espanto, NÃO aparecia o que  havia sido divulgado com grandíssimo alarde: a anuência do presidente à compra do silêncio do deputado Eduardo Cunha, o que consideravam como o motivo para renúncia de Temer.

Já neste dia 18 tive a clara apreensão de que algo grave tinha sido arquitetado  mas que  seria necessário os fatos acontecendo de acordo com as divulgações das notícias, como que obedecendo a um roteiro, e que no entanto, algo não teria  sucedido como o esperado…

Fiquei esperando o pedido de desculpas das organizações Globo pela “barriga" que é o termo usado em jornalismo quando alguém divulga algo que não corresponda à realidade. Mas não foi isso que aconteceu. Os jornais do grupo “O Globo” passaram dar ênfase no fato do presidente ter recebido um empresário tarde da noite (22horas e poucos minutos), fora da agenda, e que esse seria motivo para impeachment, apesar de serem obrigados a noticiar que o áudio aceito pelo Ministério Público, e  amplamente divulgado, não havia sido periciado pela Polícia Federal. 

As notícias que  vieram em seguida, conduzem para uma narrativa que poderia ter como nome “Palpite Infeliz”, título da música de Noel Rosa,  por  trazer um enredo deprimente, muito mais triste do que o de Noel.

Apesar do presidente não poder ser gravado sem autorização do STF, segundo profissionais da Justiça, tal fato aconteceu, e corremos o risco do STF não considerar  a sua importância e o seu significado significado para o estado democrático de direito. E ainda  que tais  possibilidades não são apresentadas ao público com o necessário relevo pela mídia mainstraem.

Observar a grande imprensa, com destaque para as empresas Globo, fazer proselitismo politico usando as notícias, manuseando as manchetes, dando enfoque em determinado assunto em detrimento de outros que seriam mais importantes para o destino dos fatos que afetam diretamente a vida tantas pessoas, quando induz, por meio da apresentação das notícias, o público a pensar o  que propõem, dá a impressão de que de as empresas de comunicação são adeptas ao bordão do Chacrinha : “Eu não vim para explicar, mas para confundir”.

E como podem confundir! Principalmente quando apenas se surfa nos fatos para que virem notícias. Quando o absurdo de hoje vira coisa natural amanhã. E quando o absurdo de ontem é dado como base para algo terrível que hoje acontece, mas  que é mostrado como até benéfico.

Como temos visto formadores de opiniões perdidos em narrativas de hoje que desdizem tudo o que antes disseram e que foi motivo para tivessem tantos seguidores! Lembro-me do personagem Obelix da revista em quadrinhos dizendo: “esses romanos são loucos”, poderíamos dizer sem medo de errar: esses jornalistas enlouqueceram…

Como podemos sentir segurança jurídica, se a cada hora um membro deu STF vem  a público se posicionar diante de fatos torcendo a Constituição conforme o freguês?

Enquanto isso tudo acontece , ao mesmo tempo,  ouvimos o Presidente do PSDB dizer a Joesley Batista, em palavras chulas, que o presidente Temer “amarela” diante da população e não põe o empenho necessário para brecar a Lava Jato. Que seus mais próximos também.

Considerando que, logo após o acontecido, foi publicado  que a sucessão de Temer está sendo articulada pelos ex-presidentes FHC, Lula e Sarney,  e o pavor demonstrado por Aécio na gravação, podemos avaliar o quanto esses figurões, assim como outros tucanos de gloriosa plumagem e correligionários peemedebistas do presidente estão temerosos. E como seria bom tirar o Temer e colocar outro da turma no lugar. A mudança de governo traria a oportunidade  para abafar a Lava Jato, coisa que esperavam que Temer fizesse, porém, a fala de Aécio traduzindo o sentimento de muitos, dizia que não estava acontecendo a contento.

Considerando a maneira como foi apresentado ao país o grande motivo para o impeachment do presidente, e os fatos que a sucederam, dizer que tudo isso foi uma armação do PSDB, do PT e alguns do PMDB, junto com os Batista, com a importantíssima  participação das Organizações Globo e a conivência ou imperícia do PGR ( Procuradoria Geral da República) que a aceitou  de maneira pueril,  e do Ministro Edson Fachin, que  homologou a delação dos Batista, feita "nas coxas”, segundo a maneira simples de um brasileiro comum ver as coisas…

Quanto a Aécio, seu papel  se encaixa no  de “boi de piranha". Uma expressão relativa aos boiadeiros que, tendo que atravessar, com a boiada, um rio povoado de piranhas,  jogavam uma  rês na água. Enquanto ela era devorada pelo cardume, o resto da boiada passava tranquilamente. Como apesar de ser considerado pelo partido como "carta fora do baralho”, como "bananeira que já deu cacho”, Aécio ainda  é alvo alvo da grande aversão de muitos petistas, seria perfeito ele ser apanhado na mesma rede de Temer. O público veria que a tucanagem também é vítima, perdeu o seu presidente! Jamais poderia estar envolvida em tais interesses…

Se Temer tivesse caído no engodo, e renunciado naquela quinta-feira,  tudo estaria na mais perfeita ordem para todos esses envolvidos. Como não o fez, os políticos mais importantes se comportam como adolescente na disputa da da liderança  da galera, as autoridades do judiciário tentam explicar o inexplicável e o jornalistas se desdobram em esquecer o que disseram ontem para dar hoje a versão dos fatos que seja mais interessante aos interesses de sabe-se lá quem. 

Enquanto isso, o brasileiro comum só observa. Vê que as práticas de terrorismo hoje são muito mais sofisticadas. Mas, como povo bom e inteligente, vai dando corda para quem queira engolir. Na hora H ele dará a resposta a quem, seja por ignorância ou por má fé, pensa que pode fazê-lo acreditar nas inúmeras mentiras que têm  lhe contado…

Giselle Neves Moreira de Aguiar





terça-feira, 9 de maio de 2017

Revitalizando a alma sorocabana

 No último dia seis, dezenas  de pessoas se reuniram no Centro de Assistência Social do Mosteiro de São Bento para ouvir uma agradabilíssima palestra feita pelo pesquisador José Rubens Incao, diretor da Biblioteca Infantil de Sorocaba, sobre o  Mosteiro  e sua importância para Sorocaba desde os primeiros momentos de sua vida. Ela faz parte de um ciclo de três palestras sobre o tema. As duas próximas ocorrerão uma no dia 13, com o tema: "Restauro das peças do complexo do Mosteiro de São Bento"", pelos restauradores Katia Regina Magri e Sidney José Fisher, e a outra no dia 20, com tema “A restauração da Igreja de Sant’Ana e do Mosteiro de São Bento e as leis de incentivo, que será feita pelo produtor cultural e responsável pelo projeto Lúcio Roberto Martini. 



Uma agradável manhã.
A criança adormecida em cada componente da plateia foi suavemente acordada pela história contada pelo senhor José Rubens, que  fazia questão de evidenciar que era seu costume falar como contador de histórias, e sempre no legítimo "idioma sorocabano”. Com a natural autoridade  que lhe dá o nascimento, e o tempo vivido, passava, com muito bom humor,  de uma auto-gozação a uma auto-louvação  ao  relatar os fatos que marcaram os primeiros anos da Terra Rasgada. 

 Foi uma hora mágica, de convívio com Baltazar Fernandes, Frei Baraúna e outros que dão nomes a ruas e praças da cidade. Ela serviu para despertar a dor e a delícia da genuína identidade sorocabana. Os detalhes que fazem os fatos importantes, deram vida a cada componente do que constitui o mosteiro, que compreende o monastério e especialmente a Igreja de Santana. 

Na sequência, uma visita à Igreja, no estado em que se encontra, trouxe à tona sentimentos e descobertas de tesouros que, há séculos, pertencem a TODOS, os que são capazes de dar importância ao fato de ter nascido aqui, física, profissionalmente, ou por qualquer outro motivo que alguém possa ter sido “plantado”aqui. Ser proprietário de riqueza é sempre uma grande descoberta, mais ainda se for uma riqueza  com grande lastro intangível, daqueles que, ainda que o ladrão roube a parte física dela, não poderá  tirar o seu significado da memória de quem se importa. Ainda que que seja em forma de dor.

Atualmente, os trabalhos de restauração têm acontecido graças ao patrocínio da empresa sorocabana Flex, usando os recursos de incentivos do PROAC (Programa de Ação Cultura), que permite uma empresa direcionar parte do ICMS a projetos devidamente aprovados pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo; sob a coordenação do produtor cultural Lúcio Martini, da responsabilidade técnica do engenheiro Lerroy Gabrielli, e da direção de Dom Rocco, monge beneditino, com o apoio da Associação Amigos de São Bento.


Quem cultiva amor a esta cidade precisa participar das outras duas palestras. Além de receber preciosas informações, terá a oportunidade de conviver com pessoas de espírito elevado que  comungam da mesma preocupação em preservar, proteger e incentivar o que há de melhor na cultura sorocabana. O encontro promove a agradável sensação de não estar sozinho, e que da união de muitos talentos de seus filhos Sorocaba pode produzir algo grandioso, feito por esta geração, tem total harmonia com tantas pessoas que construíram esta cidade ao longo de quase quatro séculos.

Revitalizando a alma, e o que nela há melhor, Sorocaba produzirá, com mais intensidade, o progresso no real sentido do termo.