terça-feira, 26 de setembro de 2023

O Fiscal da Dengue

 

Hora do café da manhã, a campainha toca. Era um rapaz com camiseta da Prefeitura se dizendo fical da dengue. Muito a contra gosto, o deixamos entrar. Viu que na varanda e na aérea  de serviço estava tudo certo.  Queria entrar dentro da casa para fiscalizar os banheiros, depois quis ir ao quintal, cuja vista pode ser vista da varanda, um andar mais alto.


Ao ver o rapaz inspecionando os detalhes da nossa casa, veio-me como num filme: as autoridades que contratam esses jovens veem a população da cidade como se fosse formada de imbecís, que não sabem cuidar de si, da própria família, da sua casa. Necessitam de que o bondoso governo governe cada detalhe das suas vidas. 


Começam dizendo que é para o bem, como os pais dizem para a criança aceitar tomar a injeção. Ou melhor, os pais diziam, agora não precisam dizer mais. O próprio governo faz a campanha da bondade, insinuando que a maldade está em quem não aceita  ser conduzido, manipulado. E as crianças, desde a creche, aprendem aceitar o erro como acerto, o mal como bem e vice-versa. Quem  pensa que seu estou mentindo, experimente ver, com mais acuidade e atenção, o que seus pequeninos têm aprendido na escola, qualquer que seja ela, desde a mais cara até a gratuita. 


E assim o mundo se vai transformando. À força da propaganda, que maquiavelicamente  atinge primeiro os mais vivos, os mais inteligentes, e eles são os disseminadores da nova verdade, do novo normal.


Quem não aceita ser manipulado tem pagar um preço bem alto. Quando reagimos energicamente  diante do fiscal da dengue, os bonzinhos de plantão dizem: mas o rapaz não tem culpa, não tem nada com isso, por que maltratá-lo? Respondo:


— Por amor à Verdade, pelo bem do próprio rapaz, devemos manifestar a ele que do seu emprego faz parte correr esse risco. Ele pode encontrar pessoas que não consideram educado as pessoas invadir suas propriedades procurando do quê acusá-las. Muito pelo contrário, consideram isso uma violenta agressão à sua dignidade de cidadão, respeitável por corresponder às suas obrigações  e cumprir todas as leis. A não ser as leis inventadas como objetivo de tratar a população como se fosse gado manso. 


Reagir à hipocrisia faz parte do comportamento dos que aprenderam a amar e respeitar o próximo como si mesmo, por isso mesmo não são capazes de fingir agrado ao pobre moço que vem de manhã em casa, fiscalizar a vida alheia. Para o bem dele próprio, ele precisa aprender que as pessoas naturais são bem diferentes das pessoas virtuais que a ideologia da vez quer fazer acontecer. E elas reagem violentamente para defender o que lhes é precioso, no caso, a própria dignidade diante de Deus, o único Juiz que elas realmente temem. Aceitar pacificamente ser subjugado pelo que sabe estar errado, é desprezar Deus e seus ensinamentos. Daí a necessidade de tornar claro e explícito o protesto, à altura da agressão, que o pobre moço não deve ter consciência, mas, não é por falta da consciência dele que deixa de existir.  E nossa vida deve ser pautada pela realidade não pelos pensamentos e sentimentos humanos.  


Queira Deus que com ele, aconteça como acontecia na nossa geração: que vá vivendo e aprendendo, e assim se tornar um cidadão tão forte que não precisa de que ninguém lhe trate bem para que  ele possa se sentir bom. Mesmo porque, o único Ser que é, em Si mesmo, a Bondade, É Deus, e nós, míseros mortais precisamos da Sua Verdade para poder subsistir na nossa identidade diante dEle, de nós mesmos e todas as criaturas.