domingo, 19 de março de 2017

Jornalistas desinformados



Têm aparecido aqui e ali, textos assinados por nomes expressivos do jornalismo,  comparando Donald Trump aos caudilhos sul-americanos. Se ele é apresentado como caudilho, nas entrelinhas lê-se que seus eleitores e os que concordam com eles seriam seres idiotizados, que caem em discursos enganosos.

Considero, daqui do meu cantinho, que sobre esse tema caiba uma reflexão mais profunda do que as que têm sido publicadas nos "grandes jornais", os que dão lugar e vez a tais colunistas. 

Havemos de considerar que essa geração de profissionais do jornalismo (incluindo aqui colunistas) foi forjada numa Academia na qual, praticamente, só é apresentada uma visão monocromática de mundo,  a dos vários tons de rouge (vermelho).

Consideremos também que, há várias décadas, as redações dos jornais são verdadeiros canteiros de obras sob a batuta do endeusado Antônio Gramsci, o guru de todos, um intelectual italiano que resolveu escrever um tratado de como o mundo deve funcionar, com todos  realizando um trabalho interligado em prol da hegemonia marxista em todo o planeta.

 Editorialistas e articulistas dos grandes jornais, os professores universitários (com raras e honradas excessões), assim como os mais destacados comentaristas de rádio e TV, já se acostumaram com a ideia hegemônica de visão de mundo pela qual têm trabalhado, conscientes ou não. Não conseguem observar, analisar e comentar os fatos acontecidos a não ser segundo os cânones do marxismo já sedimentados em seus intelectos. 


Tais ideias estão tão arraigadas neles que muitos dizem suas falas, ou escrevem seus textos, considerando como obvio um posicionamento evidentemente de esquerda; nem cogitam que alguém possa pensar diferente. São verdadeiros fundamentalistas. Geralmente nesse grupo estão os mais jovens, os que foram alimentados intelectual e profissionalmente basicamente com a ração das palavras de ordem, muitos desses já não consideram muito, nem mesmo a figura de Gramsci ou de Karl Marx, já estão praticamente automatizados.

Isso posto, observemos que a maioria dos integrantes do povo, que não lê as colunas da moda nos jornais, e também não frequenta a Academia, só consegue observar o quanto tem perdido com os governos apoiados pelas ‘iluminadas’ celebridades da Comunicação, as que fabricaram uma nova espécie de "populismo chique”, graças aos modernos filtros instalados nas redações que impedem a publicação de fatos desabonadores do governante aliado, e quando são obrigados a fazê-lo "douram a pílula” usando eufemismos e termos atenuantes da gravidade dos fatos.

Para todos eles, não importando o tom de rouge que ostentem, é um verdadeiro despautério, que a realidade não seja como acham que deveria. Não conseguem conceber que alguém diferente de seus ídolos possam ocupar o Poder.  Diante de fatos como o Brexit e a eleição de Donald Trump ficam realizando elucubrações mentais, à procura de uma narrativa que convença seus leitores e ouvintes, enquanto tentam convencer a si mesmos. Como não conseguem, usam o argumentum ad hominem (do latim, argumento contra a pessoa) e partem para a simples agressão às pessoas.  Se comportam como crianças birrentas.

Na verdade, o universo deles é bem pequeno. Não conseguem apreender o que sente o povo,  a quem seu trabalho deveria servir, formado (ainda, e graças a Deus!) na sua maioria por pais de família que sentem na pele que perdem cada vez mais valor em termos de dignidade, diante de si mesmos, de sua comunidade, mas sobretudo diante da própria família que, a custa de muita dor, veem ser "desconstruída" pelas ideias patrocinadas pelos governos tão admiráveis aos olhos da mídia que, em tais assuntos, se transformou em seus porta-vozes. Só os profissionais da notícia não percebem que se tornaram agentes da propaganda dos novos caudilhos apresentados como admiráveis gentlemen. Leia-se Obama, o grande, e Lula, o cara.

 A vida dos integrantes do povo mudou consideravelmente para pior durante os governos endeusados pela mídia. Tudo ficou muito mais difícil para o pequeno empreendedor, que é sufocado por leis leoninas que o impedem de trabalhar, enquanto a economia toda é concentrada nas mãos de meia dúzia de empresários "amigos do rei”. O pequeno empresário tornou-se o  odiado patrão num mundo de centenas de sindicatos. Haja desemprego, com tal estímulo!

Enquanto isso acontece, com a total cumplicidade dos principais veículos de comunicação, os profissionais das notícias parecem viver num mundo paralelo, criado pelas ideias que tentam passar através das notícias distorcidas. Demonstram ter perdido a noção da realidade, a vivida pelos que votam pelo Brexit, em Donald Trump, e em todos que defendem ideias próximas a essas.  Não conseguem perceber que as pessoas que representam essas opções não são tão importantes para seus eleitores como Lula é para os seus. Muito pelo contrário, elas são vistas apenas como a opção mais promissora de escapar do “Big Brother”, o governante bonzinho que rouba, e suga, a liberdade do povo, a conta gotas, disfarçadamente. Votam contra tantas supressões de direitos, tanto no campo material como no moral, o que jamais veem como notícia ou comentário na grande mídia.

Os eleitores de Trump e outros ofendidos por tais profissionais da imprensa possuem um campo de visão muito mais amplo que o dos os ofendem. Além da tsunami de noticias doutrinadoras que recebem da mídia mainstream, consideram também fatos sonegados por ela como informações (Viva a internet!) e ainda conseguem preservar o conhecimento empírico das leis naturais de mercado, cuja existência os que hoje se consideram teóricos sabichões nem desconfiam que exista,  pois não aprenderam na escola e não podem mais observá-lo na realidade socialista.  Por tudo isso, na verdade são esses jornalistas e colunistas que padecem de falta de informação.

Essa pobres pessoas nem se dão conta de que é uma ofensa muito grande comparar os eleitores de Trump e os que pensam como eles com os eleitores de Lula, Maduro e outros caudilhos pretéritos. Na verdade, eles lutam contra a imposição da mentira institucionalizada, veiculada por elas, a mentira que lhes rouba o chão,  a estabilidade que lhe dão os sentidos dos valores que forjaram seu povo, e que os trouxeram até a este grau de progresso e evolução; os mesmos que veem agora serem dizimados por loucos teóricos ocupando o Poder e que acreditam que podem mudar a realidade e as leis da natureza, junto com a cultura de muitas gerações. Lutam contra os que se acham tão poderosos que possam mudar até o significado das palavras, enquanto inventam outras como novas formas de agredir e ofender.

Lutam contra os que querem taxá-los de idiotas. 

No entanto, eles não são idiotas, e sabem, na verdade quem o são.  Aliás, num arroubo da preservada caridade cristã, preferem considerar seus ofensores apenas como  ingênuos, mas perigosos  a ponto de tornar-se necessário que suas ofensas sejam rebatidas.

Giselle Neves Moreira de Aguiar