domingo, 3 de maio de 2015

CONTO MÍNIMO


O sol já bem a prumo  estava de rachar. O  celular registrava naquele instante, poucos minutos para  onze e meia.  Não estava repleta como nos fins de semana, mas era possível avistar várias sombrinhas multicoloridas perfeitamente distribuídas pela orla, abrigando, muitas delas, famílias com suas crianças, dando vida àquela calmaria.  Todas acompanhadas de agradável  brisa misturada a melodiosos sons do quebrar das ondas.

Ontem, foi um dia  praieiro mais quente e de ventos fortes. O fluxo de pessoas pela área era maior naquele lugar simples. Observava-se  um leque de tipos de pessoas de variadas proporções corporais e cada qual com o seu jeito natural de ser. Casais, adolescentes com suas pranchas, crianças abrindo buracos na areia, casais de idosos mais cheinhos andando rápido, de mãos dadas,  pessoas enfrentando ondas borbulhantes . E muito vai e vem.

Em dado momento, um grupo de quatro pessoas bem à vontade foi presenteado por uma leva inesperada de uma onda rasante que avançou ,invadindo a praia, molhando tudo e todos que, deitados, não puderam evitar tal fato. A menina, em seguida, exibia um boné e dinheiro molhados e as roupas de saída de praia ensopadas de areia  tipo farofa. Saíram rápido.

Perto dali, uma  avó ainda jovem  com seu netinho chamava atenção. Não pelo espírito maternal, mas pelo seu revoltante descaso por submeter à criança, sem a devida proteção, pelo menos por um mero boné, a ficar por três horas diretas ao sol. Seus pertences limitavam-se apenas a uma sacola e uma toalha estendida. O agito da criança ao longo das horas converteu-se em fadiga. A tutora, antenada ao celular, não atendia as súplicas da criança. Revoltada, esta, na busca de atenção e proteção, lançara uma merecedora leva de areia na avó. Depois de muito tempo assando, saíram dali.

Hoje, a bandeira tremulava o anúncio “Dangerous Currents”. À primeira vista, o mar estava calmo e não apresentava qualquer “dangerosidade” mas,  de qualquer forma, o alerta estava à mostra.

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