segunda-feira, 18 de abril de 2016

Viva a Democracia!



Na noite de 17/04/2016, quem assistiu à toda seção da Câmara dos Deputados que aprovou a continuidade do processo de impeachment da presidente da República pôde sentir-se mergulhado no verdadeiro Brasil.  Não existe uma alma brasileira que não se sinta representada por algum integrante daquela longa fila  em que um a um dos nossos 513  deputados se apresentava diante da Nação, e especialmente do seu  eleitorado, bradando em alta voz o sentido do papel que ali desempenhava. Foi um esplendoroso reality show de democracia, no qual cada pessoa mais gritava que dizia por quem estava dando aquele voto. Exalava vida.

Os que votavam a favor do governo, contra o processo de impeachment, expunham sua indignação com o que ali acontecia. Denunciavam o que consideravam um golpe para tirar do poder a governante. Levando à própria face a cor que escolheram como símbolo  de sua luta pelo mundo que consideram bom, procuravam em si toda a veemência para expressar que aquilo era um complô entre o presidente da Câmara e o vice presidente da República, que tinham  os corações cheios de mágoa contra o governo; segundo as palavras de alguns, só por isso tudo aquilo acontecia. Era um bloco coeso e firme que se mostrava unido  no mesmo pensamento.

Os vencedores, os que votavam a favor da continuidade do processo, muitos já se manifestando a favor da saída da presidente do governo, também foram grandemente expansivos na manifestação de seus votos.  Envolvidos nos símbolos nacionais, bradavam defendendo os valores pelos quais consideravam válida a sua carreira de deputado(a). Deram um show de variedade na forma como manifestavam.  Haviam os cultos, letrados e bem nascidos, que expunham as razões cientificas da necessidade do impeachment, e também pobres e humildes que expunham, com toda a naturalidade, sua alegria de poder contribuir para que o Brasil possa ser considerado uma Nação séria e viável, segundo seus pareceres. Haviam médicos, juristas, engenheiros, agricultores, políticos de carreira hereditária, policiais e militares, religiosos e artistas, gente de toda sorte de “grau de instrução". Cada um deles dizia, com seus próprios e variados sotaques, e recursos de oratória,  o porquê do seu voto,  sempre associado à dor que mais lhe doía, atribuída à ações do governo, alvo do processo.

No entanto, havia um ponto comum em tanta diversidade: a maioria deles mencionou a família.   E cada  um que o fez se  mostrava como uma ponte entre seus pais e seus filhos e netos, obedecendo ao forte pendor da natureza humana.

Tenho visto aqui e ali críticas a esse fato, entre deboches de quem os considera "gente feia".   Gostaria que tais críticos considerassem: para quê se quer tanto a verdadeira democracia, a transparência na administração das contas públicas, que as instituições funcionem  independentes e harmoniosamente, produzindo ordem e progresso? Não é para que as pessoas que aqui vivem possam ser, livremente, aquilo que realmente são, dentro dos limites impostos pelas leis que seus  representantes formulam, segundo o interesse de seus eleitores? Não é esse o sentido da democracia?

Na verdade, aos doutos críticos, próximos a censores, pode estar faltando a percepção de algo tão importante para o povo que se mostrou tão realmente representado na Câmara dos Deputados: a família é de suma importância para a gente brasileira,  que faz parte do universo maior da espécie humana. E o modo como tem sido aviltada pelas políticas deste governo é o que mais assusta a população, e a faz rejeitar, do fundo d’alma, o que considera a maior de todas as violências.

A maioria do nosso povo continua religiosa e, por mais que cegos arrogantes possam ter poder, não conseguirão, com recursos da mera inteligência humana degenerada, a custa de deboches, controlar mentes e corações criados para o infinito, com o direito natural do acesso a Deus. Os projetos de mundo reproduzidos nos livros 1984" e "Admirável Mundo Novo", de  George Orwell e Aldous Huxley respectivamente,  não funcionam aqui.

Na noite de ontem, isso foi demonstrado. Resta saber se os soberbos críticos poderão ver o essencial: que o povo brasileiro é formado, em sua imensa maioria, de  pessoas simples que vivem no mundo real: no que foi construído por gerações e gerações de sua gente, com sangue, suor e lágrimas, forjado segundo seus valores espirituais. Portanto, um possível mundo imaginário, construído por meros humanos, ainda que grandes especialistas em comunicação, é muito pobre, e não há cristão (maioria do nosso povo) que nele possa viver. Viva a democracia!

Giselle Neves Moreira de Aguiar

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