segunda-feira, 13 de abril de 2015

Condomínio Brasil


O povo saiu novamente às ruas pedindo a saída de um governo que, segundo um instituto de pesquisa, a maioria da população considera corrupto. Motivo importante para aprofundar um pouco mais sobre o tema “corrupção”, sob a ótica da observação empírica; à luz do conhecimento que a escola da vida imprime na parte intangível de cada ser.

Como um vírus, a doença da corrupção contamina, injetando seu veneno que vai atingindo todo um organismo e modificando suas funções até que se transforme em um instrumento contrário a seus antigos deveres.

O termo corrupção está associado com degeneração; é também próximo do moderno desconstrução.

As partes mais vulneráveis de um organismo atacado são a mente e o coração.  Em  grande número dos casos, a vítima se torna refém do próprio agente e pode, até mesmo vir a amá-lo. Não de imediato. A princípio, enumera para si mesma as virtudes do algoz, como justificativas para a sua própria fraqueza em não rebater os ataques, em não conseguir impedir  a invasão de seu foro íntimo. Tenta eximir-se de culpa considerando ser inevitável sua capitulação.

Depois, a vitória e o sucesso do invasor passam a ser admiráveis, e a vítima tem do que falar com as pessoas, pode se vangloriar de estar do lado vencedor, ainda  que à custa do próprio conceito de dignidade, que vai cada vez mais perdendo o vigor. A sensibilidade violentada a torna agressiva diante da menor demonstração de desacordo com as novas ideias, a nova visão de mundo…

Demonstrando ser da confiança de quem a inoculou, passa a subir na hierarquia. É o sucesso, poderoso anestésico da consciência. A vaidade toma espaço.

Essa doença, a corrupção, é violentamente perigosa. Não escolhe a quem atingir, não faz distinção de pessoas, acomete pobres e ricos. São mais vulneráveis os os  que exercem  algum tipo de  tipo de poder, seja mínimo ou grande.  Sua virulência aumentou muito depois que a prestação de serviço, virou sinônimo de poder. Ai de quem depender de uma pessoa corrupta! 

Ilustra bem os sintomas e efeitos de tal mazela,  um caso que teria acontecido em um certo condomínio:

O síndico era uma pessoa muito simpática, tratava com atenção e carinho os moradores, especialmente os muitos idosos que moravam sozinhos. Tudo ali acontecia em ambiente de conforto afetivo.

Até que, um dia, faltou água e a neta de uma moradora descobriu que havia uma dívida enorme do condomínio com a companhia de água.  Foi um choque. Isso não seria possível. Todos os meses se recebia um relatório especificando o quanto teria sido pago em cada tipo de despesa. O quanto se pagou de água estava escrito lá.

No entanto, foram constatar e viram que havia, realmente, uma vultuosa dívida em nome do condomínio.  Souberam, depois, que seus empregados não recolhiam para a Previdência Social há muito tempo. Outras dívidas haviam sido feitas em nome dos incautos condôminos, que confiavam naquela pessoa tão amável, que sempre se interessava pelas dores e problemas particulares de cada unidade.

Foi pedida uma reunião para que se pudesse demitir o síndico, uma vez que  foi constatado um esquema que envolvia não só ele, como também o escritório de contabilidade e alguns prestadores de serviço. A bondosa equipe desempenhava uma administração desastrosa, dando margem para se pensar que  desviava recursos do condomínio para os interesses particulares dos envolvidos.

Algo inimaginável aconteceu em tal reunião. Tal “equipe” não se mostrava constrangida, nem um pouco, diante da revelação dos seus malfeitos; muito pelo contrário, atribuía a ela própria várias virtudes. Tentava chamar a atenção das pessoas, principalmente as dos idosos, para as benesses intangíveis que de que gozavam sob sua administração. Insistia veementemente em continuar administrando o condomínio.

Finalmente, os moradores conseguiram estancar as causas da hemorragia de recursos, vindas de tais pessoas boníssimas. Conseguiram, embora com a dificuldade relativa a gente honesta, não habituada ao convívio direto com a corrupção, destituir a “bondosa” equipe.  Hoje  gozam de mais dignidade e conforto, porém, nos próximos 60 meses terão que pagar altas prestações, relativas ao reajuste das dívidas deixadas pela pela antiga administração.

Considerando ser a mesma doença, o tratamento para o Condomínio Brasil  não pode ser diferente do  ministrado ao humilde condomínio citado. Sua administração precisa sofrer uma assepsia imediata, sob pena de todos os moradores sangrarem até se tornarem exangues. Porque, assim como no condomínio  pobre, quanto mais durar o governo dos causadores da hemorragia, maior será conta a ser paga,  com o sangue dos reais mantenedores.

Por tal motivo, a conta ser paga por outrem, é que os acometidos da dolorosa doença da corrupção fazem de tudo para continuar no poder. Eles se tornam vampiros.

Estarão os poderes-órgãos do condomínio Brasil totalmente atingidos pela enfermidade? Resta saber se as manifestações terão efeito antisséptico. Serão tais manifestantes brasileiros eficazes leucócitos na defesa da Pátria?

Giselle Aguiar

Um comentário:

  1. Excelente texto! No meio de tantos corruptos,a quem devemos confiar nosso país? Não vejo nenhum candidato digno no momento!Mas,sabemos que estamos sendo "crucificados" pela atual equipe ou "quadrilha".

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