sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Camerata Les Ensembles


Imagine assistir, ao vivo um coral formado por várias Montserrats Caballés e Marias Callas, Joses Carreras e Placidos Domingos que se alternam  nos solos, acompanhados de uma orquestra à altura de todos esses nomes. Tudo isso regido pelo maestro que se mostra como o mais feliz do mundo, por reger uma orquestra  formada por virtuoses.

Isso aconteceu em Boituva, São Paulo, na linda Matriz de São Roque, adornada com os belos afrescos de Bruno de Giusti, no último dia sete.

A Igreja estava lotada de adultos, idosos e crianças, que durante mais duas horas assistiam extasiados a um espetáculo que a maioria de nós, brasileiros, nem sequer poderia supor que acontecesse numa cidade do interior e, mais importante ainda, estrelado por artistas brasileiros cujo desempenho só é visto nas grandes produções dos filmes  americanos.

Semelhante à empresa do violonista holandês Andre Rieu, a Orquestra Camerata Les Ensembles tem repertório eclético que consegue conduzir um público como o nosso à música clássica  do mais alto nível a partir da boa música a que está acostumado a ouvir.  Não poderia ser diferente, porque é formada por professores do maior conservatório musical da América Latina, o de Tatuí, SP.

Palavras são insuficientes para descrever a verdadeira festa dos sentidos que constituiu as mais de duas horas de completo deleite dos integrantes da platéia; em cada um, a alma dançava no corpo feliz. Os acordes harmoniosos que chegavam aos ouvidos traziam a esperança anunciada no Natal, pelos anjos, aos humildes pastores. As músicas sobre o tema do Natal  magistralmente tocadas  ou  cantadas  em português, latim ou inglês, traziam uma sensação de harmonia e bem estar que raramente temos podido sentir. Era esse, o sopro da esperança que pairava no ambiente: algo muito bom, como esse concerto,  pode acontecer por aqui.

Lembrei-me do que li recentemente* sobre uma antiga lenda  a respeito das origens da fé cristã na Rússia. De acordo com esta lenda, o Príncipe Vladimir de Kiev decidiu aderir à Igreja Ortodoxa de Constantinopla depois de ter ouvido o relato de seus embaixadores que haviam sido enviados para aquela cidade, e que estiveram presentes em uma solene liturgia na basílica de Santa Sofia. Eles disseram ao príncipe: "Não sabíamos se estávamos no céu ou na terra …" Era mais ou menos assim o sentimento suscitado durante o concerto.

Então, a gente fica pensando: isso existe? no Brasil? temos artistas desse nível? por que não temos espetáculos assim na televisão ou nos grandes eventos patrocinados pela Lei Rouanet? 

Importa que o concerto na Matriz de São Roque, em Boituva, fez o público se sentir altamente valorizado por ser presenteado com arte de alto nível, na qual, além do talento recebido gratuitamente de Deus,  cada  artista coloca muitas horas de estudo, de rigorosa disciplina, para que possa ser ele mesmo agraciado com o prazer  da sua arte. Tal prazer em produzir arte tão linda  transbordava dos artistas e inundava a plateia. O que se viveu ali poderia ser descrito como momentos de puro prazer vividos dentro de uma igreja. O prazer do ser humano atingir a forma mais evoluída de vida. Aliás, esse é o objetivo da religião cristã, na qual Deus se fez homem para  que os humanos  pudessem  ascender  à quase  divindade.

O advento, tempo que precede o Natal de Jesus Cristo, é o de renovar a esperança de que a vinda do Menino-Deus traga  dias melhores, nos quais serão  valorizados os seres humanos capazes de se sacrificar para oferecer o melhor que possa fazer para melhorar a vida dos seus semelhantes. Num mundo povoado de gente assim, cada um poder gozar o prazer de viver em tal ambiente. 

Quando todos puderem chegar a esse nível de civilização seguindo o exemplo de Jesus Cristo, o Deus Trino se sentirá como o maestro, regendo uma orquestra de incontáveis virtuoses. Com toda certeza, esse será um indizível prazer divino que reverberará em cada cantinho do planeta.

Ah! Quantos bons sonhos pode despertar um verdadeiro presente de Natal! Um assim que a gente só pode guardar, na memória, o bom efeito que produziu em nós.
Obrigada Camerata Les Ensembles!
Obrigada Padre Edson Daros! 


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