terça-feira, 21 de abril de 2015

DISCRIMINAÇÃO. O BOM, O MAU E O FEIO.








Fotos:
-A vez das hortaliças pelas ruas de Nova York;
-Imagem negativa: abandono e planta agressiva. Rua Paracatu- BH
-Uma perfeita poda que não deu certo; Zona Sul- BH
-O belo amarelo ouro-velho de um algodoeiro-de-praia.-Macaé- RJ

Hoje e quase todos os dias deparamo-nos com os mais escabrosos conflitos políticos que azucrinam a vida das pessoas. Há outros, também de finalidades diversas que vão de um simples bate-boca às agressões discriminatórias que se misturam entre queixas, acusações, leis e revides.

Discriminar é crime, dizem.... Mas em paisagismo também não é diferente. Existem plantas que são proibidas de figurar no meio urbano. Algumas por serem venenosas, cáusticas e outras, por não possuírem características estéticas suficientes para serem apresentadas em espaços privilegiados, como as hortaliças. Essa recalcitrância sempre foi uma constante e vem de longa data.

Querem um exemplo? ...A reação é cômica quando se propõe inserir em projetos paisagísticos, mais precisamente, nos nobres jardins frontais de residências algumas hortaliças subarbustivas e rasteiras.... O suposto jocoso assusta a muita gente. Daí o medo de cair no ridículo fala mais alto.... Quem?... Eu?... Colocar couve, inhame e quiabo em meu jardim e em vasos?!?...Never!

Já os ecológicos e ousados de carteirinha batem o pé e digladiam-se com esse preconceito fazendo acontecer diante suas reações plantando jiló, pimentão, beterraba, e outras variedades em seus jardins “hortiestéticos.”

Pensando bem, enquanto aqui nesse mundo tupiniquim, essas plantas que nos alimentam todos os dias são rejeitadas em nossos jardins e praças, lá nos Estados Unidos, principalmente em Nova York, as jardineiras simples nos corredores urbanos têm como top, o uso de hortaliças. Como podemos ver na foto, a presença de repolho bicolor e beterraba tendo vez no cenário novaiorquino. Foto: Bruno de Aguiar.

Caso houver interesse em inserir tais plantas nos jardins, pode-se adotar, como sugestão, o inhame ou a taioba, pela beleza de suas folhas. Elas, no entanto, camuflam perfeitamente no ambiente e podem ser confundidas com os filodendros muito explorados pelo saudoso e maior paisagista que o Brasil já teve: Burle Marx.

A presença do quiabo poderá valorizar os caminhos pela presença de suas vistosas flores em amarelo ouro-velho, tal como o do algodoeiro-de-praia, por pertencerem a mesma família das malváceas e igualmente seu primo comum o hibisco. Inserir essas três variedades que se justificam pelas suas flores, valoriza a paisagem.

Longe de pretender incrementar essa idéia de inclusão de hortaliças em jardins mas se é de fato, no fundo, um certo preconceito por muitos, isso é.

Em qualquer situação, uma tecla muito importante que se deve ser batida constantemente é a da MANUTENÇÃO.
Não adianta plantarmos se não fizermos um planejamento periódico e contínuo de manutenção. Planta é um ser vivo como nós. Precisa de trato.

Na foto, mostramos um descuido imperdoável que além de ser perigoso, retrata o abandono total. Eis aí um espaço na calçada, pronto para receber uma bela árvore a apresentar uma prostrada coroa-de-cristo, já discriminada e, portanto, proibida pelas prefeituras. Essa espécie é agressiva, possui muitos espinhos e emitem um leite cáustico, muito próprio das euforbiáceas. Trata-se, portanto, de uma discriminação justificável devido ao local e às suas características. Elas, no entanto, ainda são exploradas em áreas rurais, organizadas em cercaduras, livres de podas e dando seu recado plástico com suas flores gêmeas de cor coral vivo.

Em outra foto, mostramos uma poda, por sinal, bem feita, dessa mesma planta. Por mais caprichada que seja tal trato, o resultado é uma catástrofe visual. O trabalho final é feio e mostra toda a galharia à vista. Melhor seria trocá-la por outra variedade que ocupe menos espaço e que dê melhor efeito.

Por fim, julgamos tudo isso idiossincrático:
A discriminação justificável ou não de certas plantas;
o preconceito de hortaliças nos jardins;
os argumentos técnicos e estéticos passíveis de controvérsias.Assim é o mundo do verde. Também lá com suas discriminações.

Gilson Neves

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